Sede

Sento-me à sombra da barragem
Do lado da secura
Não para resolver a sede, porque sei
Que a sede não se cura

E tentei escalar esta parede
Tentei furar até ao outro lado
Mas nada há pior para um homem
Que querer viver saciado

Sento-me à sombra da barragem
Do lado dos desertos
Como um mendigo de mão estendida
E de olhos muito abertos

E perdi a voz a gritar para o alto
Juntei entulho para fazer um monte
Mas se quero abolir a sede
Quem me guiará até à fonte

Permaneço no deserto
Eu não vou tomar atalhos

Sento-me à sombra da barragem
Do lado do desejo
Vivo de uma invencível esperança
No que não sei, não toco, não vejo

E pedi respostas já prontas
Como um ferro dobrei a verdade
Foram barras de uma prisão maior
É que a sede é condição da liberdade

Sento-me à sombra da barragem
Do lado da espera
Sempre me soube como lixo, o plástico
Que a pressa gera

E já provei o desespero
E já se esgotou a coragem
Mas não se vive senão da sede
Sentado à sombra da barragem

Permaneço no deserto
Eu não vou tomar atalhos

Permaneço no deserto
Eu não vou tomar atalhos



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