O Meu Compadre

O meu compadre que é rico disse-me
Tira os olhos do chão, aceita o meu concelho
Não aceites derrotas, tira os olhos do chão
Tira os olhos do chão

E eu respondi
Oh, meu amigo, ó meu palerma
Se eu tenho os olhos no chão não é por estar derrotado
É p'ra ver o futuro em função do meu passado

É p'ra ver o caminho e é p'ra ver o que calço
Que eu não ando nas nuvens
A pisar pó de talco
Pó de talco, pó de talco

Vamos, vamos, vamos tomar cuidado
Com promessas assinadas em papel molhado
Vamos, vamos, vamos tomar cuidado
Com promessas assinadas em papel molhado

O meu compadre que é rico, disse-me
Eu cá sou democrata, cumprimento as vizinhas
Como pão e sardinhas até as como da lata
Que eu cá sou democrata

E eu respondi
Ó meu amigo, ó meu cretino, cretino, cretino
Democratas assim tem a gente de sobra
A vender a banha de cobra e a afinar o latim

Pela nota corrente e pela nota de mil
Democratas assim
Até há dois no Brasil
Até há dois no Brasil

Vamos, vamos, vamos tomar cuidado
Com promessas assinadas em papel molhado
Vamos, vamos, vamos tomar cuidado
Com promessas assinadas em papel molhado

O meu compadre que é rico disse-me
Somos todos irmãos, que é que interessa eu ser rico?
Não faz mal tu seres pobre, tens o porte do nobre
Somos todos irmãos

E eu respondi
Ó meu amigo, ó meu hipócrita
Se somos todos irmãos diz-me então onde andavas
Quando, algemas nas mãos, a gente pagava as favas

Por só querermos ser gente, por só querermos falar
Diz-me de que lado estavas
Antes disto mudar
E antes disto mudar

Vamos, vamos, vamos tomar cuidado
Com promessas assinadas em papel molhado
Vamos, vamos, vamos tomar cuidado
Com promessas assinadas em papel molhado



Credits
Writer(s): Sérgio Godinho
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