Ó Meu Amigo João

Ó, meu amigo João
Em que terras te perdeste?
Se por nada lá morreste
Meu amigo, meu irmão

De nascença duvidosa
Proibiram a tua infãncia
Transformaram-te em distãncia
Como braços de alcançar

Foste folha a flutuar
Arrastada pela corrente
E o teu sangue foi semente
Dos cifrões doutro lugar

E o teu sangue foi semente
Dos cifrões d'outro lugar

Gostavas de ouvir cantar
As modas da nossa terra
E a verdade que se encerra
No seu jeito popular

Teu corpo de tudo dar
Corre nas veias do mundo
Imenso, fértil, fecundo
Com força de terra e mar

Ponho em ti o recordar
Na agrura da tua morte
Por sobre o sangue a gritar
Que não foi azar nem sorte

E a força do vento norte
Levou teu grito na mão
Meu amigo, meu irmão
Quem forçou a tua sorte?

Ó, meu amigo João
Quem forçou a tua sorte?



Credits
Writer(s): Jorge Fernando
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