A Arca de Noé

7 em cores, de repente o arco-íris se desata
Na água límpida e contente do ribeirinho da mata
O sol, ao véu transparente da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente no céu, no chão, na cascata

E abre-se a porta da arca
Lentamente, surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca

Vendo ao longe aquela serra
E as planícies tão verdinhas
Diz Noé: Que boa terra
Pra plantar as minhas vinhas

Ora, vai na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante

De dentro de um buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece

Os bosques são todos meus!
Ruge soberbo o leão
Também sou filho de Deus!
Um protesta e o tigre: Não!

A arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Entre os pulos da bicharada
Toda querendo sair

Afinal, com muito custo
Indo em fila aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais

Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida

Longe, o arco-íris se esvai
Desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Erguem-se os astros em glória

Enche o céu de seus caprichos
Em meio à noite calada
Ouve-se a fala dos bichos
Na terra repovoada



Credits
Writer(s): Vinicius De Moraes, Antonio Pecci Filho Toquinho
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