Soneto Destruido

Soneto destruído
Vasco Graça Moura/Custódio Castelo

Talvez logo na berma de uma estrada
Um par se beije transtornadamente
E o destino os separe de repente
Entre as duas e as três da madrugada

Talvez a lua fria os desinvente
E só lhes traga sombras e mais nada
E por saída só lhes dê a entrada
Para o túnel da noite à sua frente

Talvez então as faces se desolem
Talvez depois em cinza e solidão
A aurora ponha um luto, talvez colem
As nuvens o seu dorso rente ao chão

Talvez por não ousar ninguém mereça
O que viveu. Talvez não amanheça.



Credits
Writer(s): Vasco Graça Moura
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