Cantão
A galera lá do morro tá sabendo
Hoje vai ter festa na casa do Pequeno
Aquele molequinho que tá sempre no Cantão
Neguinho tá dizendo que ele mora na maior mansão
É, a galera sempre aumenta
Mas a cachanga é de responsa, no 550
Tem deck, piscina, quem vê não imagina
Que o Pequeno mora lá
É o cara é gente fina
Ele desce todo dia a pé pro Cantão
Junto com um pretinho que se chama Janjão
Às vezes com o Nem, às vezes com o Baya
Às vezes sem ninguém mas tá sempre lá na praia
Chega sozinho e todo mundo já conhece
Chega cedinho e só sai quando escurece
Pega o seu skate e vai direto pra favela
Pra andar no half-pipe lá da "curva do S"
É, nem parece que ele é filho de bacana
A aparência às vezes engana
Mas a grana, no caso, não faz diferença
Muito pelo contrário, a grana é o de menos
A galera da favela vai marcar uma presença
Hoje tem aniversário na casa do Pequeno
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
Ele mora ali de frente pro mar, mané
Mas é pertinho do morro, a galera vai a pé
Pra entrar no condomínio tem até segurança
Mas não barrou ninguém!
Vamo pra festança!
Olha quanta coisa bonita!
- Pequeno!
- Peraí maluco num grita!
- Ele mora ali naquela casa que tá cheia de gente
E cheia de carrão estacionado na frente
Todo mundo chique, de roupa social
E agente assim largado, vai até pegar mal
- É melhor sair fora pra não pagar mico
Isso é festa de rico
Não é pro nosso bico
- Que isso, Chiquinho? Nada a ver!
Quando é festa lá no morro o Pequeno é o primeiro a aparecer
- É, se ele vive lá no funk e no pagode
Por que no aniversário dele a gente não pode?
- É isso aí, Almir-Rato
O Pequeno convidou, e se a gente não entrar vai ficar chato
- Vâmo nessa, galera, quem não deve não teme
O Tripa sempre vem aí jogar vídeo-game
Diz pra ele Negão!
- Eu até ranguei aí outro dia, meu irmão!
Não tem erro não
- Demorô!
- Aí, ó o Pequeno ali fora
De bermuda e chinelo
- Chegaí!
- Vambora!
Tá rolando um refri, cachorro e coxinha
E tá sobrando um monte de gatinha
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
E o Pequeno cresceu e nem se lembra dos presentes que ganhou
Mas da festa ele nunca se esqueceu
A família reunida, os colegas da escola
A galera lá do morro e só discão na vitrola
Se esqueceu até do beijo da menina
Mas se lembra da galera se jogando na piscina
As lembranças do tempo de moleque no Cantão
Ficaram marcadas na cabeça e coração
Como aquele cara que não tinha as duas pernas
E subia num skate se arrastando na favela
A força de vontade daquele aleijado
Simbolizava a humildade e a batalha do favelado
E a coragem que aquela gente tinha e tem
São um exemplo de vida que o moleque aprendeu bem
Lutar pra viver, ser mais solidário
E nunca vacilar, porque não há lugar pra otário
E nem pra malandro demais
A malandragem é saber sobreviver em paz
Saber a hora de falar e a hora de ficar calado
E respeitar pra ser respeitado
E se os ricos pensam que o convívio dos seus filhos
Com os pobres atrapalha a educação
O Pequeno aprendeu o que nenhuma escola
Pode ensinar convivendo com a galera do Cantão
Ele viu que a riqueza na verdade
É viver com humildade e vencer o preconceito
E ganhou o que nenhum dinheiro pode comprar
A amizade que até hoje guarda dentro do peito
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
E a galera até hoje se reúne lá no canto
Uns todo dia, outros nem tanto
Alô Gebara, Vaguinho, Pamonha e Passarinho
Bonito, Creck, Bila, Boc, Xêra e Maluquinho
Tim Dorê, Pinel, Suruba e Gargamel
O Night entrou pro bicho e foi mais cedo pro céu
Abobrinha se mudou pra Fortaleza
O Déo já é papai e é fiscal da natureza, beleza
O Janjão virou piloto de asa e, quem diria
O Nenô virou crente e vai à igreja todo dia!
Almir-Rato agora é professor de natação
E o Bocão criou uma associação de surfistas da favela, da nova geração
Que vão continuar a história do Cantão
Uma estória real, de paz e amor
Que hoje quem te conta é o Gabriel, O Pensador
Mas há dez anos atrás, mais ou menos
Era mais conhecido como Pequeno
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
É isso aí, essa eu dedico pra toda a galera do Cantão
Do coração, aí Nenô, Báia, Gu e toda família
Alô Fofão, Cheira Bife, fala Marreco
Macaé, Betinho, Gato, Careca, Cenourito
Não dá pra citar todo mundo
Mique ri, Baleia, Nei, Paquito
É isso aí, um abraço especial pro Márcio Dente de Lata
Nossa amigo devia tá aqui gravando com a gente
Surfista que foi preso injustamente
Mas aí Márcio, cê vai provar sua inocência, meu irmão
A galera tá te esperando lá no Cantão
Força, Márcio!
Eu sou do Cantão, bota água no feijão
Bota o som no toca disco que a pista já tá cheia
Eu sou do Cantão, bota água no latão
Pra ferver mais um marisco na areia
Aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão!
Eu sou do Cantão!
Hoje vai ter festa na casa do Pequeno
Aquele molequinho que tá sempre no Cantão
Neguinho tá dizendo que ele mora na maior mansão
É, a galera sempre aumenta
Mas a cachanga é de responsa, no 550
Tem deck, piscina, quem vê não imagina
Que o Pequeno mora lá
É o cara é gente fina
Ele desce todo dia a pé pro Cantão
Junto com um pretinho que se chama Janjão
Às vezes com o Nem, às vezes com o Baya
Às vezes sem ninguém mas tá sempre lá na praia
Chega sozinho e todo mundo já conhece
Chega cedinho e só sai quando escurece
Pega o seu skate e vai direto pra favela
Pra andar no half-pipe lá da "curva do S"
É, nem parece que ele é filho de bacana
A aparência às vezes engana
Mas a grana, no caso, não faz diferença
Muito pelo contrário, a grana é o de menos
A galera da favela vai marcar uma presença
Hoje tem aniversário na casa do Pequeno
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
Ele mora ali de frente pro mar, mané
Mas é pertinho do morro, a galera vai a pé
Pra entrar no condomínio tem até segurança
Mas não barrou ninguém!
Vamo pra festança!
Olha quanta coisa bonita!
- Pequeno!
- Peraí maluco num grita!
- Ele mora ali naquela casa que tá cheia de gente
E cheia de carrão estacionado na frente
Todo mundo chique, de roupa social
E agente assim largado, vai até pegar mal
- É melhor sair fora pra não pagar mico
Isso é festa de rico
Não é pro nosso bico
- Que isso, Chiquinho? Nada a ver!
Quando é festa lá no morro o Pequeno é o primeiro a aparecer
- É, se ele vive lá no funk e no pagode
Por que no aniversário dele a gente não pode?
- É isso aí, Almir-Rato
O Pequeno convidou, e se a gente não entrar vai ficar chato
- Vâmo nessa, galera, quem não deve não teme
O Tripa sempre vem aí jogar vídeo-game
Diz pra ele Negão!
- Eu até ranguei aí outro dia, meu irmão!
Não tem erro não
- Demorô!
- Aí, ó o Pequeno ali fora
De bermuda e chinelo
- Chegaí!
- Vambora!
Tá rolando um refri, cachorro e coxinha
E tá sobrando um monte de gatinha
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
E o Pequeno cresceu e nem se lembra dos presentes que ganhou
Mas da festa ele nunca se esqueceu
A família reunida, os colegas da escola
A galera lá do morro e só discão na vitrola
Se esqueceu até do beijo da menina
Mas se lembra da galera se jogando na piscina
As lembranças do tempo de moleque no Cantão
Ficaram marcadas na cabeça e coração
Como aquele cara que não tinha as duas pernas
E subia num skate se arrastando na favela
A força de vontade daquele aleijado
Simbolizava a humildade e a batalha do favelado
E a coragem que aquela gente tinha e tem
São um exemplo de vida que o moleque aprendeu bem
Lutar pra viver, ser mais solidário
E nunca vacilar, porque não há lugar pra otário
E nem pra malandro demais
A malandragem é saber sobreviver em paz
Saber a hora de falar e a hora de ficar calado
E respeitar pra ser respeitado
E se os ricos pensam que o convívio dos seus filhos
Com os pobres atrapalha a educação
O Pequeno aprendeu o que nenhuma escola
Pode ensinar convivendo com a galera do Cantão
Ele viu que a riqueza na verdade
É viver com humildade e vencer o preconceito
E ganhou o que nenhum dinheiro pode comprar
A amizade que até hoje guarda dentro do peito
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
E a galera até hoje se reúne lá no canto
Uns todo dia, outros nem tanto
Alô Gebara, Vaguinho, Pamonha e Passarinho
Bonito, Creck, Bila, Boc, Xêra e Maluquinho
Tim Dorê, Pinel, Suruba e Gargamel
O Night entrou pro bicho e foi mais cedo pro céu
Abobrinha se mudou pra Fortaleza
O Déo já é papai e é fiscal da natureza, beleza
O Janjão virou piloto de asa e, quem diria
O Nenô virou crente e vai à igreja todo dia!
Almir-Rato agora é professor de natação
E o Bocão criou uma associação de surfistas da favela, da nova geração
Que vão continuar a história do Cantão
Uma estória real, de paz e amor
Que hoje quem te conta é o Gabriel, O Pensador
Mas há dez anos atrás, mais ou menos
Era mais conhecido como Pequeno
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
É isso aí, essa eu dedico pra toda a galera do Cantão
Do coração, aí Nenô, Báia, Gu e toda família
Alô Fofão, Cheira Bife, fala Marreco
Macaé, Betinho, Gato, Careca, Cenourito
Não dá pra citar todo mundo
Mique ri, Baleia, Nei, Paquito
É isso aí, um abraço especial pro Márcio Dente de Lata
Nossa amigo devia tá aqui gravando com a gente
Surfista que foi preso injustamente
Mas aí Márcio, cê vai provar sua inocência, meu irmão
A galera tá te esperando lá no Cantão
Força, Márcio!
Eu sou do Cantão, bota água no feijão
Bota o som no toca disco que a pista já tá cheia
Eu sou do Cantão, bota água no latão
Pra ferver mais um marisco na areia
Aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão, aê!
Eu sou do Cantão!
Eu sou do Cantão!
Credits
Writer(s): Gabriel Contino, Arnolpho Lima Filho
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