Tango

Deixa-me enlaçar-te
Quando a noite cai
Quando os nossos passos cruzam o destino,
Quando em toda a parte
De entre as sombras sai
Em soluços baços
Choro repentino.

Pobre coração,
Tinto de amargura
No vaivém mais triste
Já foste e vieste.
Se na escuridão
Tanta luz impura
Noutros olhos viste,
Porque o não disseste?

Ah, desesperado,
Quanta hora perdida,
Foge a todo o pano
Hoje em meu redor.
Tango incendiado
Pela minha vida,
Voz que em mim engano,
Mas que sei de cor,

Luar entre os ramos,
Aço de um punhal,
Noite perfumada,
De crueis lampejos,
Corpos que enlaçamos,
Nessa hora fatal,
Alma entrecortada
De adeus e desejos.

Pobre coração,
Tinto de amargura,
No tango mais triste
Já foste e vieste.
Se na escuridão
Tanta luz impura
Noutros olhos viste,
Porque o não disseste?



Credits
Writer(s): Mário Laginha
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