Sombras

Sorrateiras sombras entre o nevoeiro
Esgueiram-se furtivas sem deixar vestígio
Fogem quando os uivos das sirenes frias
Como o azul que deitam lhes aguça a vida

Nem o frio conta como companhia
O orvalho borda a colcha de uma cama fugidia
Os dias ao contrario são as noites do avesso
São as febres ao começo do inferno em delírio

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga como um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga como um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Os olhos veem longe quando estão fechados
E até lhes trazem cheiros que há muito não sentiam
Há muito não é tanto porque o tempo ainda é pouco
E enquanto os olhos sonham não lhes dão cuidados

Sentem-se insensíveis e desafiantes
Nada, nem os homens, pode causar dano
A vida não ficou pior do que era dantes
Nem vai ficar melhor com o puxar do pano

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga como um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga com um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

(Às vezes têm fome de saber ter fome)
(E gritar por quem a fome lhes sacia)
(Ou o medo esmaga com um beijo quente)
(E com uma carícia adoça a angustia de ser gente)

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga com um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga com um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga com um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Às vezes têm fome de saber ter fome
E gritar por quem a fome lhes sacia
Ou o medo esmaga com um beijo quente
E com uma carícia adoça a angustia de ser gente

Às vezes têm fome de saber ter fome.



Credits
Writer(s): Luís Represas
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