Os demitidos

Estás demitido
Obviamente demitido
Tu nunca roubaste um beijo
E fazes pouco das emoções
És o espantalho dos amantes

Estás demitido
Obviamente demitido
Evitas a competência
Não reconheces o mérito
És um pilar da cepa torta

E assim vamos vivendo
Na província dos obséquios
Cedendo e pactuando enquanto der
Filósofos sem arte, afugentamos o desejo
Temos preguiça de viver

Estás demitido
Obviamente demitido
Subornas os próprios filhos
Trocaste o tempo por máquinas
Tu és um pai desnaturado

Estás demitido
Obviamente demitido
Arrasas a obra alheia
Às vezes usas pseudônimo
Tu és um crítico de merda

E assim vamos vivendo
Na província dos obséquios
Cedendo e pactuando enquanto der
Filósofos sem arte, afugentamos o desejo
Tanta preguiça de viver

Estás demitido
Obviamente demitido
Encostas-te às convergências
Nunca investiste num ideal
Tu sempre foste um demitido
Tu foste sempre um demitido
Já nasceste demitido!



Credits
Writer(s): Jorge Palma
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