Rosa Púrpura de Cubatão

Ó minha amargura, minha lágrima futura
Vai morrer a criatura que lhe amar, se vai
Dona do universo, pobre rima do meu verso
Tudo que eu quiser lhe peço sem ganhar

Minha noite escura, meu barulho de fritura
Minha Rosa Púrpura de Cubatão
Ó primeira dama, o retrato de quem ama
É a cama, o lençol e o cobertor

Musa em que me inspiro
E, por isso, mesmo viro alvo fácil pro seu tiro, charlatã
Chama em que me queimo
Confissão de amor que teimo em evitar qual maçã

Conto-do-vigário, ilusão de operário
Hora extra de trabalho em construção civil
Ligação direta pra roubar minha bicicleta
A completa dedo-duro do patrão mais vil

Santa mentirosa, a mentira mais gostosa
Eu caí em sua prosa sem sentir
Mas se Deus é justo, você vai levar um susto
Quando for saber o custo de mentir

Fruta no caroço, overdose no pescoço
Acidente nuclear de Chernobyl
Grampo de escuta, dose dupla de cicuta
Você quer de mim somente amor servil

Tão bela menina que não passa
Da mais fina e nebulosa filha desse miserê
Eu, de minha parte já peguei meu estandarte
E vou sambar sem você

Vai, vai, vai, minha tristeza
Diz pra ela que com ela não pode ser
Não pode ser
Que com ela não pode ser

Não, não
Que com ela não pode ser

Não, não
Que com ela não pode ser



Credits
Writer(s): Sergio Moraes Sampaio
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