Negrinho Parafuso

Existe uma velha casa
Perto da linha fepasa
Antiga sorocabana
Lembrança que ainda resta
De quem foi o rei das festas
Das noites interioranas

Era ele um trovador
Renomado cantador
De versos improvisados
Por esse interior afora
Muita gente ainda chora
O Parafuso afamado

Vivia aquele negrinho
Rodeado de carinho
Todos lhe queriam bem
Quando o povo lhe cercava
Parafuso não negava
Um sorriso pra ninguém

No lugar que ele cantava
O povão aglomerava
Para ouvir seu repente
Além de bom repentista
Era também humorista
Divertia toda gente

Na cidade ou na fazenda
Onde houvesse uma contenda
Era sempre convidado
Das pousadas do divino
Velhos moços e meninos
Amanheciam acordados

Tietê, Capivari
Sorocaba, Tatuí
Laranjal, Botucatu
Em qualquer localidade
Era ele na verdade
O Pelé do cururu

Depois de tantas viagem
Tantas noites na friagem
Parafuso adoeceu
Nem mesmo estando doente
Ele cantava contente
E nunca se retrocedeu

Mais um dia eu me lembro
Naquele 2 de dezembro
A sua hora chegou
A região toda chorava
Quando o rádio anunciava
A morte do cantador

Naquela tarde chuvosa
Uma multidão chorosa
Cabisbaixa e contristada
Carregava seu artista
O maior dos repentista
Pra derradeira morada

No mundo tudo se acaba
A linda Piracicaba
Perdeu mais um trovador
O negrinho idolatrado
Que também foi convocado
Pra seleção do senhor



Credits
Writer(s): Jose Nunes, Francisco Fornasiero
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