Décima do Potro Baio

Eu saí pela fronteira
Ver negócios de importância
É pra ver se me ajustava
De capataz de uma estância

Cheguei lá e me ajustei
Onde havia uma potrada
Onde tinha um bagual baio
Respeitado da peonada

Baio da venta rasgada
Carunchado nos cornilho
Foi o que mais me agradou
Pra sentar o meu lombilho

Pra encilhar o venta rasgada
Custou uma barbaridade
Baixou a cabeça na estância
Foi levantar na cidade

Da estância para a cidade
Regulava légua e meia
Onde o baio se acalmou
Foi na venda do Gouveia

Eu apeei lá no Gouveia
Pra tomar uns trago de vinho
Depois belisquei o baio
Desde a marca inté' o focinho

Este baio corcoveava
Mesmo que boi tafoneiro
Pois já estava acostumado
A corcovear o dia inteiro

Bombeei pro oitão do rancho
Vi uma prenda me espiando
E o baio não via nada
E continuava corcoveando

Menina, minha menina
Me agarra se não eu caio
Eu já venho sufocado
Com o balanço deste baio

Uma espora sem roseta
E a outra sem papagaio
Se as duas 'tivessem boa
O que seria deste baio?

Quase arrebentei um pulso
E as duas canas do braço
Deixei o baio bordado
De tanto espora e mangaço

Um dia deixei a estância
E fui cumprir minha sina
Mas o baio ficou manso
Inté' pro selim de china
Mas o baio ficou manso
Inté' pro selim de china



Credits
Writer(s): Noel Fabricio Da Silva, Jaime Caetano Braun
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