Navegações XIV / Grão de Mar / O Nome Da Cidade

Através do meu coração passou um barco
Que não para de seguir sem mim
O seu caminho

Lá no meu sertão plantei
Sementes de mar
Grãos de navegar
Partir

Só de imaginar eu vi
A água de aguardar
Onda a me levar
Eu quase fui feliz

Mas nos longes onde andei
Nada de achar
Mar que semeei
Perdi

A flor do sertão caiu
Pedra de plantar
Rosa que não há
Não dá, não dói, nem diz

O mar ficou lá no sertão
E o meu sertão em nenhum lugar
Como o amor que eu nunca encontrei
Mas existe em mim

Lá no meu sertão plantei
Sementes de mar
Grãos de navegar
Partir

Onde será que isso começa?
A correnteza sem paragem
O viajar de uma viagem
A outra viagem que não cessa

Cheguei ao nome da cidade
Não há cidade mesma espessa
Rio que não é rio, imagens
Essa cidade me atravessa

Ô-ô-ô-ô-ô ê, boi
Ê, buis

Será que tudo me interessa?
Cada coisa é demais e tantas
Quais eram minhas esperanças?
O que é ameaça e o que é promessa?

Ruas voando sobre ruas
Letras demais, tudo mentindo
O Redentor, que horror, que lindo
Meninos maus, mulheres nuas

Ô-ô-ô-ô-ô ê, boi
Ê, buis

A gente chega sem chegar
Não há meada, é só o fio
Será que pra o meu próprio Rio
Este Rio é mais mar que o mar?

Ô-ô-ô-ô-ô ê, boi
Ê, buis
Sertão, sertão
Ê, mar!



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