Utopia

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego do meu lar

No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar

Meus pais não tinham
Nem escola e nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar

Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar

Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava

E perguntava
Quem fizer estripulia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava

O sol se punha
E a viola alguém trazia
Todo mundo então queria
Ver papai cantar com a gente

Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente

Correu o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Enquanto muitos não a tem

Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém

Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais

Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chame a isso de utopia
Eu a isso chamo paz



Credits
Writer(s): Joanna Catherine Bevan, Simon Hidson, Robert Hardy, Caroline Helbert
Lyrics powered by www.musixmatch.com

Link