A Vida Sóbresselente

Mulher famosa na imprensa rosa
Revistada permanentemente
Encontrou vida sobresselente
Nas imediações da vida verdadeira

Dessa maneira adormeceu
Pensando estar ainda acordada
Que nada fazia prever um novo pesadelo
Arrumados que estavam o fogo e o gelo

Voltou das ilhas
Tomou pastilhas
P'ra ligar a alguém é já tão tarde
Então fortivas, entrou, vê víboras
Entre os vidros duplos da janelas
Nelas tem desenhada a sua cara

Ó cara amiga, quem és tu?
Ruge ou foge
Mas fica diz o desamor ao cansaço
E nele acende o sono de um longo abraço

Chega a casa e da janela
Vê crescer um pouco a lua
Despe a roupa quase dele
É muito tarde p'ra ligar
Veste roupa p'ra dormir
Enfim da sua

Durante as obras
Talvez que cobras tenham subido pelos canos
E por entre os panos do edredão
Bem de mansinho tenham feito ninhos

E o som do estalar dos ovos seja
Em sonhos o que enfim deseja
E agora acordam cobras
Taparam por certo todas as entradas
Depois das obras
E guincham já baixinho de emparedadas (e venenosas)

Acorda cedo, não teve medo
Do bom sono da manhã até se por de pé
Ir à cozinha, e descobrir a porta toda aberta
Oferta dos ainda patrocinadores e admiradores dali a espreitar
E deita a seus pés um mandato de busca matinal

Estar vestida ou despida é agora igual
Estar vestida ou despida é agora igual
Estar vestida ou despida é agora igual

Chega a casa e da janela
Vê crescer um pouco a lua
Despe a roupa quase dele
É muito tarde p'ra ligar
Veste roupa p'ra dormir
Enfim da sua



Credits
Writer(s): Sergio De Barros Godinho
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