Em Cima Daquele Morro

Em cima daquele morro
Passa boi, passa boiada,
Passa boiada.
Tem movimento paca!
Tem movimento paca!
Paca, tatu, cotia, não,
Paca, tatu, cotia, não,
Não tem na serra não.
Ah, porque nêgo mata!
Ah, porque nêgo mata!
Joguei uma pedra nágua,
De pesada, foi ao fundo
E foi ao fundo
E ninguém disse nada!
E ninguém disse nada!
Tubarão, peixe, piaba,
Tubarão, peixe, piaba,
Não respondem não.
Ah, se não, nêgo mata!
Ah, se não, nego mata!
Batatinha, quando nasce,
Esparrama pelo chão,
Esparrama não!
Ah, porque nêgo cata!
Ah, porque nêgo cata!
E passarada passa o arado,
E passarada passa o arado,
E nada vem do chão,
Ah, porque nêgo rapa!
Ah, porque nêgo rapa!
E nêgo mata caititu,
Mata jacu, jaó,
Paca, tatu, maracajá,
No jacá de cipó.
E taca o tiro, e taca a faca,
A faca fere a fera!
Onde a inteligência impera
É que se dá coisa pior:
E morre a fauna e não se ouve
O sabiá cantando!
E morre a flora e não se vê
A flor desabrochando!
E não se escuta mais o ronco
Daquela cascata!
É o fim da vida, é o fim da água,
Nêgo tá matando a mata!

Nêgo tá matando nego,
Nêgo tá matando a mata,
Nêgo tá matando a mata.
A mata, nego, nego, mata!
Nêgo mata a mata.



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