Me Diga (Francisca)

Francisca veio lá do norte
De onde também vieram meus avós e pais
Talvez em busca de novos horizontes
No tempo em que eu não era nem nascida

Mas se eu nasci há tanto tempo já
Que o meu passado está perdido em brumas
Rasteiras e fumaça, o que dizer do dela?
Do dela tão mais distante?

Me diga
Me diga, Francisca
Me diga
Me diga

Francisca veio para o sul há tempos
E já chegou sonhando em retornar
E cultivar em meio a certas brenhas
Algum roçado junto à sua mãe

Ela era quase ainda uma criança
E lá ficava o mundo de verdade
O sol, a chuva, a noite, a festa, a morte
A vida a aguardá-la, ainda mais distante (me diga)

Me diga, Francisca
Me diga
Me diga

Parnaíba (é de Brasília, diga seu nome, por favor)
Ipiranga (alô? Alô)
Rio Longá (já falei que não é daqui, que saco!)
(Já falei que é engano, não é daqui)
Campo Maior (para de ligar)
Diga

Um certo norte está onde ela está
Em frente à praia de Copacabana (me diga)
Onde ela faz cuscuz, beiju ou peta (me diga)
E seu sotaque é cada vez mais forte (me diga)

E ela ralha com o feirante esperto
E tem conversas com a mãe ausente
E o sabiá pousado no seu dedo
Que aponta algum lugar tão mais distante (ah, Chica)

Me diga, Francisca
Me diga
Me diga

Entre o nordeste que deixou na infância (me diga)
E o sul que nunca pareceu real (me diga)
A Francisca tem saudade de uns lugares (me diga)
Que passam a existir quando ela os pinta (me diga)

São mares turquesados e espumantes
Em frente a uns casarões abandonados
Que, não sei bem porque, nos desamparam
Nos desamparam, nos desamparam, nos desamparam

Me diga
Me diga, Francisca
Me diga
Me diga

Chica
Me diga, Francisca
Me diga



Credits
Writer(s): Antonio Cicero Correia Lima, Marina Correia Lima
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