Karolina Com K
Karolina foi o maior estrupício que encontrei na minha vida
Ah mulher bagunceira da mulesta
Mulé cangaceira, arruaceira, trambiqueira
Conheci Karolina num forró que eu tava tocando
Quando eu avistei aquela mulézona diferente, sem dançar com ninguém
No meio do salão, só mangando dos matutos
Pensei comigo: "Aquele deve ser um pedaço de mau caminho"
E era mesmo!
Agora era bonita, já viu
Era uma rola de nega, que dava era gosto de ver
Cabelão cumprido, cinturinha de pilão, boa linha de lombo
Uma dentadura, que dente bonito assim memo' só... só dente de cachorro
Mas a mulher era bagunceira mermo
Comecei a caprichar na sanfona veia, pra ver se ela dava fé d'eu
Mas a danada nem fé d'eu deu
Eu chamei Anselmo: "Ôh, Anselmo"
Pegue essa sanfona aqui, que eu vou aculá
Anselmo pegou o fole veio
E eu me botei pra banca de Samarica
Samarica, tem celveja?
Bote um calice
Oxen!
Cerrejinha é essa, Samarica? Só tem escuma
Oxente! Celveja quente é assim mermo!
Pois bote duas encangada no fundo do pote, que ainda volto aqui hoje!
Me butei pro salão com mais de mil
Cheguei perto, e disse
Vosmecê que é a Carolina?
Ela disse: "Advinha!"
Toda inteirinha, Karolina com "K"
Que dançar mais eu?
Só se for agora!
Agarrei essa mulé e abufelei
E saí experimentando
Ali, aparpando dervagarzinho, pra ver se a bicha era serena
Quando decidi que a bicha era maneira memo'
Joguei pras esquerda, ela veio e tinindo, veio firme
Dermanchei, joguei pras esquerda, a mulher tá aí: fácil, fácil!
Sabe como é, né? Mulher querendo é bom demais
Aí truxe pro meio
Aqui eu... butei no meio
Aí joguei a mulher no voo do carcará: zwo!
Sabe cumé' o carcará, né?
Ele voa na vertical, para no ar e fica penerando
Aí vim vortando com ela nos meus braço
Vim vortando, quando ela trincou os pés no chão
Dei uma gaitada servergonha: Ha-hai!
É hoje! É!
Mulher querendo é bom demais!
Aí eu disse pra ela: "Carolina!"
Ramo aculá?
Bora!
Boca de Samarica, Samarica!
Cerrejinha... cerrejinha... bote aquelas duas
E vá logo butando mais duas no fundo do pote
Bebemo' as duas, voltemo' pro salão
Agora nós 'tamos ali: câmera lenta
Eu tava até... estava esquecido de que o tocador do samba era eu
Nós tamo ali: testa com testa e corpo do mesmo jeito
Chegou Zé de Baiha, e bateu no meu ombro
Gozanga, tenha paciência!
Você virou artista? Tá aí dando uma de artista de teatro
Vá po' seu canto, vá tocar, porque o tocador é você
E eu vou tirar a cota
Digo: "Vem comigo, Carolina"
Cheguei perto do Anselmo
Anselmo, passa a sanfona pra mim
E vai dançar com Carolina
Mas num deixa ninguém chegar perto dela
Num deixa ninguém... num deixa ninguém tomar de tu, não
Nós vamos rachar os quarenta mil réis
Eu tava ganhando quarenta
Aí peguei o fole véio e Zé de Bahia
Epa, tá na hora da cota
Quem não pagar não dança, é dez mil réis! Dez mil réis! Dez mil réis!
Tirou a cota, fez sinal pra mim
Passei a sanfona pra Pedro, minha garrafa
E saí com Anselmo e Carolina
Com os quarenta mil réis pra a gente dividir
Peguemo' um escurinho assim, um lugar quietinho
Pronto, Anselmo, aqui tem quarenta mil réis
Nós vamo' rachar no meio
Preste atenção, ein
Que eu vou contar o dinheiro
Anselmo com as butuca em cima de Carolina
Nunca tinha dançado com mulher cheirosa
Tava de cabeça virada
E eu já tava até com ciúme
Aí me vinguei dele
Vou cantar o dinheiro! Vou contar! Vou contar, preste atenção!
Um pra eu, um pra tu, um pra eu
Um pra eu, um pra tu, um pra eu
Um pra eu, um pra tu, um pra eu
Pronto, Anselmo! Aqui tá o teu! Aqui tá o meu!
Agora tu vai cantar até de manhã, que eu já vou com Carolina
Fui pr'onde tava minha eguinha
'Marrada lá debaixo do pé do sombrião
Acolchei assim, a dona em mar
Passei a perna, joguei Carolina na garupa e queimemo' o chão
Eita, Carolina! Ninguém viu a gente sair
Pois sim, Gonzaga! Puxa memo', que os cabra vem aí
Parece que eles vão butar... querem butar gosto ruim no nosso amor
Vamo' simbora
Sapequei a espora do suvaco com o vazio dessa égua
Chega ela ia... chega ia baixinha
Chegou na baira do riacho, a égua refugou a água
O rio tava cheio, e eu num sabia
E agora, Carolina?
Ela disse: "É, os cabra vem aí"
Vamo se esconder dento' dos mato?
Eu achei foi bom
Se escondemo detrás de um pé de...
Marmeleira, uma moita de marmeleira
Detrás da moita, a gente se escondeu
A cabrurada chegou depois
Home, será que eles... atravessaro o rio, cheio desse jeito?
Não, acho que eles tão escondido dento' dos mato
Vamo caçar eles?
Home, vamo vortar é pro forró, que nóis tem uma hora de dança, home
É mermo!
E eu achei foi bom demais
Fiquemo nós três ali
Eu, Carolina e a égua
Olhei pra minha éguinha, coitandinha, tão cansada
Espiei pra Carolina
Ela olhou pra mim e falou: "Zóio servergonho"
Tirei a sela
Espaiei a manta
Ha! E...
Lavei a égua!
Carolina!
Ah mulher bagunceira da mulesta
Mulé cangaceira, arruaceira, trambiqueira
Conheci Karolina num forró que eu tava tocando
Quando eu avistei aquela mulézona diferente, sem dançar com ninguém
No meio do salão, só mangando dos matutos
Pensei comigo: "Aquele deve ser um pedaço de mau caminho"
E era mesmo!
Agora era bonita, já viu
Era uma rola de nega, que dava era gosto de ver
Cabelão cumprido, cinturinha de pilão, boa linha de lombo
Uma dentadura, que dente bonito assim memo' só... só dente de cachorro
Mas a mulher era bagunceira mermo
Comecei a caprichar na sanfona veia, pra ver se ela dava fé d'eu
Mas a danada nem fé d'eu deu
Eu chamei Anselmo: "Ôh, Anselmo"
Pegue essa sanfona aqui, que eu vou aculá
Anselmo pegou o fole veio
E eu me botei pra banca de Samarica
Samarica, tem celveja?
Bote um calice
Oxen!
Cerrejinha é essa, Samarica? Só tem escuma
Oxente! Celveja quente é assim mermo!
Pois bote duas encangada no fundo do pote, que ainda volto aqui hoje!
Me butei pro salão com mais de mil
Cheguei perto, e disse
Vosmecê que é a Carolina?
Ela disse: "Advinha!"
Toda inteirinha, Karolina com "K"
Que dançar mais eu?
Só se for agora!
Agarrei essa mulé e abufelei
E saí experimentando
Ali, aparpando dervagarzinho, pra ver se a bicha era serena
Quando decidi que a bicha era maneira memo'
Joguei pras esquerda, ela veio e tinindo, veio firme
Dermanchei, joguei pras esquerda, a mulher tá aí: fácil, fácil!
Sabe como é, né? Mulher querendo é bom demais
Aí truxe pro meio
Aqui eu... butei no meio
Aí joguei a mulher no voo do carcará: zwo!
Sabe cumé' o carcará, né?
Ele voa na vertical, para no ar e fica penerando
Aí vim vortando com ela nos meus braço
Vim vortando, quando ela trincou os pés no chão
Dei uma gaitada servergonha: Ha-hai!
É hoje! É!
Mulher querendo é bom demais!
Aí eu disse pra ela: "Carolina!"
Ramo aculá?
Bora!
Boca de Samarica, Samarica!
Cerrejinha... cerrejinha... bote aquelas duas
E vá logo butando mais duas no fundo do pote
Bebemo' as duas, voltemo' pro salão
Agora nós 'tamos ali: câmera lenta
Eu tava até... estava esquecido de que o tocador do samba era eu
Nós tamo ali: testa com testa e corpo do mesmo jeito
Chegou Zé de Baiha, e bateu no meu ombro
Gozanga, tenha paciência!
Você virou artista? Tá aí dando uma de artista de teatro
Vá po' seu canto, vá tocar, porque o tocador é você
E eu vou tirar a cota
Digo: "Vem comigo, Carolina"
Cheguei perto do Anselmo
Anselmo, passa a sanfona pra mim
E vai dançar com Carolina
Mas num deixa ninguém chegar perto dela
Num deixa ninguém... num deixa ninguém tomar de tu, não
Nós vamos rachar os quarenta mil réis
Eu tava ganhando quarenta
Aí peguei o fole véio e Zé de Bahia
Epa, tá na hora da cota
Quem não pagar não dança, é dez mil réis! Dez mil réis! Dez mil réis!
Tirou a cota, fez sinal pra mim
Passei a sanfona pra Pedro, minha garrafa
E saí com Anselmo e Carolina
Com os quarenta mil réis pra a gente dividir
Peguemo' um escurinho assim, um lugar quietinho
Pronto, Anselmo, aqui tem quarenta mil réis
Nós vamo' rachar no meio
Preste atenção, ein
Que eu vou contar o dinheiro
Anselmo com as butuca em cima de Carolina
Nunca tinha dançado com mulher cheirosa
Tava de cabeça virada
E eu já tava até com ciúme
Aí me vinguei dele
Vou cantar o dinheiro! Vou contar! Vou contar, preste atenção!
Um pra eu, um pra tu, um pra eu
Um pra eu, um pra tu, um pra eu
Um pra eu, um pra tu, um pra eu
Pronto, Anselmo! Aqui tá o teu! Aqui tá o meu!
Agora tu vai cantar até de manhã, que eu já vou com Carolina
Fui pr'onde tava minha eguinha
'Marrada lá debaixo do pé do sombrião
Acolchei assim, a dona em mar
Passei a perna, joguei Carolina na garupa e queimemo' o chão
Eita, Carolina! Ninguém viu a gente sair
Pois sim, Gonzaga! Puxa memo', que os cabra vem aí
Parece que eles vão butar... querem butar gosto ruim no nosso amor
Vamo' simbora
Sapequei a espora do suvaco com o vazio dessa égua
Chega ela ia... chega ia baixinha
Chegou na baira do riacho, a égua refugou a água
O rio tava cheio, e eu num sabia
E agora, Carolina?
Ela disse: "É, os cabra vem aí"
Vamo se esconder dento' dos mato?
Eu achei foi bom
Se escondemo detrás de um pé de...
Marmeleira, uma moita de marmeleira
Detrás da moita, a gente se escondeu
A cabrurada chegou depois
Home, será que eles... atravessaro o rio, cheio desse jeito?
Não, acho que eles tão escondido dento' dos mato
Vamo caçar eles?
Home, vamo vortar é pro forró, que nóis tem uma hora de dança, home
É mermo!
E eu achei foi bom demais
Fiquemo nós três ali
Eu, Carolina e a égua
Olhei pra minha éguinha, coitandinha, tão cansada
Espiei pra Carolina
Ela olhou pra mim e falou: "Zóio servergonho"
Tirei a sela
Espaiei a manta
Ha! E...
Lavei a égua!
Carolina!
Credits
Writer(s): Luiz Gonzaga Do Nascimento
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