O Rei de Ramos

Ele disse pra escola caprichar
No desfile da noite de domingo
Com ginga, com fé
Pediu muita cadeira a requebrar
Muita boca com dente pra caramba
E samba no pé

De repente, o pandeiro atravessou
De repente, a cuíca emudeceu
De repente o passista tropeçou
E a cabrocha gritou
Que o nosso rei morreu

Viva o rei de Ramos
Que nós veneramos
Que nós não cansamos de cantar
Viva o rei dos pobres
Que gastava os cobres
Nas causas mais nobres do lugar

Viva o rei dos prontos
Que bancava os pontos
Que pagava os contos do milhar
Viva o Rei de Ramos
Viva o rei ei, viva o Rei
Viva o rei ei de Ramos

Os seus desafetos e rivais
Misericordioso, não matava
(Mandava matar)
E financiava os funerais
As pobres viúvas, consolava
(Chegava a chorar)

De repente, gelou o carnaval
De repente, o subúrbio estremeceu
E a manchete sangrenta do jornal
Estampou garrafal
Que o nosso rei morreu

Viva o rei de Ramos
Que nós veneramos
Que nós não cansamos de cantar
Viva o rei dos crentes
E dos penitentes
E dos delinquentes do lugar

Viva o rei da morte
Da lei do mais forte
Do jogo da sorte
E do azar
Viva o Rei de Ramos
Viva o rei, viva o rei
Viva o rei
Viva o rei de Ramos

Os seus desafetos e rivais
Misericordioso, não matava
Mandava matar
E financiava os funerais
As pobres viúvas, consolava
Chegava a chorar

De repente, gelou o carnaval
De repente, o subúrbio estremeceu
E a manchete sangrenta do jornal
Estampou garrafal
Que o nosso rei morreu

Viva o rei de Ramos
Viva o rei, viva o rei
Viva o rei de Ramos
Viva o rei, viva o rei

Viva o rei de Ramos
Viva o rei, viva o rei
Viva o rei de Ramos
Viva o rei, viva o rei
Viva o Rei de Ramos

Viva o rei
Viva o rei
Viva o rei de Ramos



Credits
Writer(s): Chico Buarque, Francis Hime, Djas Gomes
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