Dona do Dom - Ao Vivo

Dona do dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me possui
E as pedras do que sou, dilui
E eleva em nuvens de poeira
Mesmo que às vezes eu não queira
Me faz sempre ser o que sou e fui

E eu quero, quero, quero, quero ser sim
Esse serafim de procissão do interior
Com as asas de isopor
E as sandálias gastas como gestos de um pastor

Presa do dom que Deus me pôs
Sei que é ele a mim que me liberta
Sopra a vida quando as horas mortas
Homens e mulheres vêm sofrer de alegria
Gim, fumaça, dor, microfonia
E ainda me faz ser o que sem ele não seria

E eu quero, quero, quero, é claro que sim
Iluminar o escuro com meu bustiê carmim
Mesmo quando choro e adivinho que é esse o meu fim

Plena do dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me ausenta
Quando nada do que eu sou canta
E o silêncio cava grotas tão profundas
Pois mesmo aí na pedra ainda
Ele me faz ser o que em mim nunca se finda

E eu quero, quero, quero, quero ser sim
Essa ave frágil que avoa no sertão
O oco do bambu, o apito do acaso, a flauta da imensidão

'Brigada, Chico!
Obrigada, senhores

Uma das mais lindas canções
Carlinhos Lyra e Vinicius de Moraes, Primavera
Eu convido meu querido Carlinhos
Que me deu essa incrível alegria de estar aqui hoje
E a neta de Vinicius, Mariana de Moraes, por favor
Vocês podem vir

Carlinhos, cê nem sabe, eu mudei o arranjo, Carlinhos
Ah! É a gente não sabe
Mas mudei pro bem, vem, vem por aqui

Mas sabe o que foi? Aquela modulação agora começa
Cês já começam, vocês
Ah, mudou tudo (ficou bom!)
É verdade que mudou tudo? (É verdade)
Quer ver? Quer ver como ficou?

É bom surpresa, porque a gripe estorou, tá assim ó
Então já fica de trazê-los (Carlinhos!)
Isso é bandeira de, de, de sensibilidade, Carlinhos

Vamos, meu amor (vamos!)
Você começa: O meu amor sozinho
Ah, é o meu amor sozinho?