Era

O destino me pregando uma outra peça, eu não queria
Me cercava toda noite, com sua flecha e sua guia
Era o tempo me encostando sua pele traiçoeira
Eram noites tão pesadas, com nuvens sorrateiras

Era a vida me cortando a carne com seu guizo
Ecoando pelos séculos os sons e alguns gemidos
Eram meus antepassados dentro dos bacanais
Era o tempo me emprestando aquilo que eu não devolveria mais

Era um homem nos meus sonhos me curando sem perdão
Eram duas velhas mortas se arrastando pelo chão
Eu soltava os meus cães em meu peito a soluçar
Abafava os meus gritos, pois não sabia ladrar

Achei que não era eu que fazia minha história andar
Punha a culpa no destino ou em quem estivesse à mão para culpar
E era assim

Hoje em dia não me importo com o que fiz no meu passado
Quero amigos, sorte, e muita gente boa do meu lado
E não rebato se disserem por aí que eu tô errado
Porque quem se debate está sozinho ou afogado

Eu, que não fico no meio, não começo e nem acabo
Eu sou filho do amor, não de Deus, nem do diabo
Na ciranda das canções eu me ponho a revezar
Rodando entre as ondas que me puxam em alto-mar

Hoje sei bem que sou eu que giro a minha vida circular
Essa roda, eu que invento e faço tudo nela se encaixar
É, eu sou assim



Credits
Writer(s): Ana Carolina De Souza
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