Budismo Moderno

Tome doutor essa tesoura e corte
Minha singularíssima pessoa
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo meu coração, depois da morte?

Ah! Um urubu pousou na minha sorte
E também das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca dextra forte

Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo

Mas o agregado abstracto das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo
Na aberração de um óvulo infecundo
Do último verso que eu fizer no mundo



Credits
Writer(s): Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho, Arnaldo Antunes
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