Intro (É necessário voltar ao começo)

(Tá tudo certo ai?) Vou chamar aqui, vou parar de enrolação
Vou passar o microfone para Emicida e vamos fazer barulho

A bíblia fala de uma manhã no futuro
Talvez seja esse em que nós estamos vivendo
Em que todos poderão cantar uma grande canção pela paz

Quem já mordeu um cachorro por comida
Até que eu cheguei longe
Eu tenho impressão que esse furô de que eu falo na letra de um
E essa manhã que a bíblia diz, tem uma certa ligação

É dificil plantar ambição, sem ver a ganância nascer
No coração de um ser, que nunca viu nada acontecer
Pra si, sabe? Nem ao redor
Vai fuder quem tá do lado, se isso te trazer o melhor
E te fazer melhor, e o que é melhor aqui parceiro?
Cê vai viver de amor do lado de quem mata por dinheiro? (Vai?)

Ruas vazias, aqui ou em Gaza
Hoje as pessoas boas, se escondem atrás da grade das casas
Frio é habitual, saudade? Mais que normal
Solidão virou segurança, medo virou natural
Talvez tenha poder, mas não aproximou vocês

Ao entender, sem sentir, cês vão ver no fundo
Cada janela que se abre, é uma porta a menos pro mundo
E vê-lo por um olho mágico, roba' a magia

Que dava sentido ao dia
Ao esbarrar com quem não conhecia
Era bom, ficou pra trás
Tenho vários manos que não morreu, só que também não vive mais

Não existe meio certo (não), nem meia verdade (não)
Nem mais ou menos (não), nem meia liberdade (não)
Quando o tema é vida, meio-termo não existe
Ou se é feliz, ou se é 100% triste
Os MC nem sabe mais, se pede um drink ou pede paz
Se aqui é Disney ou Alcatraz, se nóis é Rouge ou Racionais

Se as mina é puta ou algo mais
Se a cota é luta ou tanto faz
Se essa porra de nóiz existe mesmo
Ou é outra ideia que ficou pra trás
Enfim, não responde à questão

Por que a polícia para pra mim, e os taxistas não?
Por que eu tenho que provar, que o meus bagulhos é meu?
Se eu não comprei, quem me deu? E se eu gaguejo, fudeu

Artistas mudando o nariz, de cabelo alisado
Reforça essa merda de que ter cabelo crespo é pecado
Século 21, progresso? Olha de novo irmão
Cê vai ver que os preto ainda tão na rua, no gueto e na prisão

Sem saber se são regra ou exceção
Todo mundo é igual, e ainda assim, nóis tá fora do padrão
Hoje compro em disco, o que já ganhei num mês
Minha missão aqui, é provar que é possível pro cês

Mas o trampo exige foco, tem que viver a parada
Isso é fácil como tirar doce da boca de outra quebrada
Natural, igual Pentágono, ainda hoje, igual Guantánamo
Meu olhar de quadrilátero, diz que bom ainda não tá mano

Tô caminhando, plantando o que precisa
O mar é imenso, e vários tão emocionados só com a brisa
A vida acontece, não avisa
Atrasa a caminhada de quem para nas baliza

Uns veio comer várias minas, outro assina vários cheques
Uns pra ter várias tretas, tio, eu vim pra fazer rap
Entregar meu tempo a causa, sem pensar duas vez
Crendo que a maior riqueza tá na paz do rei dos reis
A encontro em sessões junto a DJs

Reforçando ideias, como a de que creio em justiça, não em leis
E a cultura de favela, canto enquanto penso nela
Vendo vários ganhando a vida, e vários perdendo ela
Pensando em fama, status, damas, contratos

Sonhos pequenos demais pra mim, vamos voltar aos fatos
É estranho 2009, o inverno é quente, no verão chove
A fumaça engole a luz do sol, enquanto à terra se move
LCD, Kalishnikov, iPod, coquetel molotov
Mulher Melancia, Baryshnikov, milhões de sabores, prove

Informações demais, pruma' vida tão curta
Carros andam centímetros, aí vagabundo surta
Seguimos nos tempos difíceis que Edi Rock cantou
Mostrei o refrão pros irmão, logo geral concordou

Que é necessário voltar ao começo
Quando os caminhos se confundem, é necessário voltar ao começo
Não sabe pra onde ir? Tem que voltar pro começo
Pra não perder o rumo, não pode esquecer do começo

Cê entende, que assim é verdadeiro?
Que cada dia que se vive, é o último e o primeiro
Sei bem qual é a real, entre todos os maloqueiros
E da posição que ocupo, por isso eu tô ligeiro

Jesus perdoou demais, morreu
Lampião confiou demais, morreu
Sou tipo um general que lidera uma tropa vinda do breu
E eu não confio, nem perdoo, por isso mandaram eu

Por isso mandaram eu
Por isso mandaram eu
Por isso mandaram eu
Não confio, nem perdoo, por isso mandaram eu

Porque nós
E vocês, somos a multidão
Porque nós e vocês, somos a multidão
E a multidão é Deus
Deus, Deus, Deus, Deus



Credits
Writer(s): Leandro Roque De Oliveira
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