País de Fome

Ah, aumenta a raiva em mim sim
Pelo que penso, creio e vejo aqui
Até o Loquinho não se despediu de mim, deixou sozinho
Parte do Canão Deus levou (Ah, levou)
Um dia desses ele mesmo falou pra mim

País da fome, no fundo de uma cela pensa um homem (Só)
Sangue nos olhos, bicho solto
Um terrorista sim nas fitas, era eficaz ia até o fim
Atropelava, representava a quebrada enfim

Meu mano, o Xó, Bulinho e o Risonho, Eduardo
Ê, que deu saudade esse nome
De tênis e moleton, Passat rodas de Gol
Custo leva a crer pilantras mata sangue bom
Pros manos que ficou, a paz esteje com eles
Eu puxo um beck e considero, na humilde é que age o crime

Quem nunca desandou com uns 30 trincou
Na quebrada onde mora, ou chegou, representou
O que nos compromete é que a pilantragem cresce
Vejo no mó veneno não, não queira fazer teste

Notícia ruim, sim, tive que ser forte
Trouxe-me saudade e a imortalidade
Então, 4 de setembro, quinta-feira a tarde
Eu sem o Monza e o Passat, os donos uns covardes
Tá na podre, meu irmão, a minha outra face

Ali foi que eu perdi a minha cara metade
Que da maldade vivida na prisão resistiu
Presídio de Itapetininga tirou três e fugiu
Veja meu irmão, o Edi, saudade me persegue
Me fortalece se marcar muito mais, sabe porque ladrão?

(Brooklin, Brooklyn) agora sem o Deda
Só o Júlio e o Paulinho
(Brooklin, Brooklyn) Larissa, o Anderson
Thamires, meus filhos

(Brooklin, Brooklyn) Natasha, Willian
Beatriz, meu sobrinhos
(Brooklin, Brooklyn) 2001
O rap é um portal, é meu caminho

Não posso nem parar, não posso me estressar
Tenho que continuar, a responsa vai mostrar e provar
Que a consciência ainda está firmeza
A maioria na quebrada ainda é fogo na madeira
Mano inteligente, tipo A, bandido
A qualquer momento chega na quebrada
Respeita e bola um fino

Nunca se esquece na real de tudo isso
No mundo aí a fora eu sei: rap é compromisso!
Mas sem ignorar, é só para lembrar
Cadê as banca que pá pagou de apavora
Quem é não pode abraçar titititi blábláblá
Desconversou, atravessou, o respeito acabou não

Pode crer, até loque sente que é difícil sim
Muito triste, é difícil ser feliz
Isso me lembra de um guri pisoteado no Anhembi
Foi bem assim, eu não pisei, mas teve quem pisou também
Só digo Amém, culpados vão subir, a dor é ruim

E se for mesmo que falaram, não marco
Vai pro saco os embalo, o crime é um estalo
A humildade sempre se exaltou no melhor momento (ah!)
Tem que ser 100% Sabotage
Pra ter mais humildade só tomando Sustagem
É, você sabe, a vida é realidade, não é filme
Ninguém é herói de verdade, nem Holly Field

(Brooklin, Brooklyn) malandragem é viver assim
Sem treta e sem dever enfim
(Brooklin, Brooklyn) da Conde ao Canão
Do Jardim Miriam ao Itaim

(Brooklin, Brooklyn) favela do Zóião
Piolho e Dacuri
(Brooklin, Brooklyn) do Edite ao Capão
Do Campo Belo ao Morumbi

Até Loque sente que é difícil ser feliz
Eu vejo um infeliz por aqui ainda me diz
Que até Loque sente quando vê o estalo
Na Zona Sul registrei já foi pro saco

É minha cara
É minha cara
É minha cara

Ser feliz não é fácil
Ser feliz...
Zona Sul (não é fácil ser feliz)
Zona Oeste
Ivonete (não é fácil), saudade!



Credits
Writer(s): Mauro Mateus Dos Santos
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