Cara A Cara

Tenho um peito de lata
E um nó de gravata no coração
Tenho uma vida sensata, sem emoção
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nos versos desta canção inútil

Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho

Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara a cara
Bota lenha na fornalha
Põe fogo na palha
Bota fogo na batalha
Bota pra ferver
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara a cara

Tenho um metro quadrado

Um olho vidrado e a televisão
Tenho um sorriso comprado a prestação
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nas cordas desse violão inútil

Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho

Bota pra correr

Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara a cara
Bota lenha na fornalha
Põe fogo na palha
Bota fogo na batalha
Bota pra ferver
Bota força nessa coisa

Que se a coisa pára

A gente fica cara a cara
Cara a cara a cara

Tenho o passo marcado
O rumo traçado sem discussão
Tenho um encontro marcado com a solidão
Tenho uma pressa danada
Não moro do lado
Não chamo João
Não gosto nem digo que não
É inútil

Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara a cara

Vou correndo, vou-me embora
Faço um bota-fora
Pega um lenço agita e chora
Cumpre o seu dever
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara a cara
Com o que não quer ver



Credits
Writer(s): Chico Buarque
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