Saudosa Vida de Peao

Da minha vida de peão
Só recordação eu tenho guardada
Da peonada gritando
E o berrante tocando chamando a boiada

Nas tardes quentes de agosto
O suor do meu rosto coberto de pó
De quebrada em quebrada
Nas longas estradas só Deus tinha dó

No estado de Mato Grosso
E eu era bem moço, mas tinha coragem
Enfrentei o Pantanal
Uma vida infernal laçando selvagem

Junto com meus companheiros
Cruéis pantaneiros, tiramos de lá
No perigoso transporte
Encontrando com a morte a cada lugar

De passo a passo a boiada
Uma onça-pintada às vezes seguia
Querendo matar sua fome
E o cheiro do homem a fera temia

O som do berrante manhoso
O andar preguiçoso da tropa cansada
Foi brutalidade
Mas tenho saudade da vida passada

Ao deixar o estradão
Para o meu coração foi um forte veneno
Minha rede macia
Que nela eu dormia até no sereno

Expressos boiadeiros
Deixou os pioneiros com a vida arrasada
Acabou-se o berrante
O transporte elegante de uma boiada



Credits
Writer(s): Manoel Nunes Pereira, Jose Dias Nunes
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