Constraste Social (feat. DJ Jr.)

Rio de Janeiro
Morro e asfalto
Favela e condomínio
Contraste social

Eu quero denunciar o contraste social
Enquanto o rico vive bem, o povo pobre vive mal
Cidade maravilhosa é uma grande ilusão
O desemprego, pobreza, miséria, corpos no chão

As crianças da favela não tem direito ao lazer
Governantes só falam e nada querem fazer
O posto de saúde é uma indecência
Só atendem se o caso for uma emergência

A sociedade capitalista com sorriso aberto
Rir de longe é melhor do que sofrer de perto
Miséria e morte é o nosso dia a dia
Pelo menos entre nós não existe judaria

Um amigo estudou, não teve oportunidade
Brigou, lutou por sua dignidade
Mais uma vez por falta de opção
O seu trabalho foi na boca com uma nove na mão

Ele queria um dia voltar atrás
Infelizmente esse amigo já não vive mais
Se ele tivesse uma chance podia ser trabalhador
Como não teve para o inferno alguém lhe mandou

Contraste social
O povo pobre é quem vive mal
Eles querem negão dentro da prisão
(Um negro a menos contarão com satisfação)

Contraste social
O povo pobre é quem vive mal
Eles querem negão dentro da prisão
(Um negro a menos contarão com satisfação)

Estouram uma boca de fumo, o traficante é preso
Para a alegria da polícia, o traficante é preto
Na cadeia com certeza vai passar muito tempo
Mas se tivesse dinheiro teria um justo julgamento

Num país onde o dinheiro domina
Família faz da praça a sua morada
A política é movida através de propina
Um inocente é condenado sem ter feito nada

E assim vamos fazendo o que diz a bandeira
Ordem e progresso no país de terceiro mundo
Não queremos ser tratados de qualquer maneira
Como se todos na favela fossem vagabundos

Quem está por cima não esquenta, não
Ri de nós e joga o osso para o mundo-cão
27 de janeiro de 1994
Uma mulher com as costas cheias de buraco

Estava parada com a filha na fila do orelhão
Recebeu pelas costas dois tiros de bagulhão
A filha ficou ferida e a mãe morreu
Mais um fato ocorrido na Cidade de Deus

O mesmo não acontece na Zona Sul
Não foi bandido quem matou, 'tava com a farda azul
Não quero fazer sensacionalismo
Apenas te mostrar que a gente vive na beira do abismo

Contraste social
O povo pobre é quem vive mal
Eles querem negão dentro da prisão
(Um negro a menos contarão com satisfação)

Contraste social
O povo pobre é quem vive mal
Eles querem negão dentro da prisão
(Um negro a menos contarão com satisfação)

O coletivo de favelado agora é arrastão
Discriminados na rua, na praia, na condução
A televisão esquece da pobreza
Impondo a playboyzada como padrão de beleza

Por isso que muito cara fica revoltado
Com o sistema que deixa os pobres acorrentados
Deve ser muito fácil falar da cobertura
Daqui debaixo aonde eu tô a realidade é bem mais dura

Aqui não tem playground, não tem carro do ano
Aqui não tem piscina com playboy nadando
Aqui não tem shopping, não tem boate
Mas tem soldado de azul brincando de SWAT

Tem água de esgoto passando na rua
Tem gente sem casa, dormindo na chuva
Aqui não tem lazer, não tem quadra de basquete
A pelada é no CIEP

Porrada que a gente levava no tronco
Agora levamos na rua e pronto
Ficamos com a boca fechada
Porque não queremos ir para o inferno

Te mandam pro saco dentro do buraco
Esse é o mundo moderno
Tiro de doze, metralhadora e se acabou
A vida de mais um irmão, que pelos direitos reclamou

Fique ligado, nada mudou, veja o que se passou
Chibatada que a gente levava no tronco não cicatrizou
Se você não se ligou, se liga então, nada mudou
Se na sua cabeça eu estou equivocado
Desça da cobertura e passe aperto do meu lado

Contraste social
O povo pobre é quem vive mal
Eles querem negão dentro da prisão
(Um negro a menos contarão com satisfação)

Contraste social
O povo pobre é quem vive mal
Eles querem negão dentro da prisão
(Um negro a menos contarão com satisfação)



Credits
Writer(s): Alex Pereira Barboza
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