Nelore Valente C 1996

Na fazenda que eu nasci
Vovô era retireiro
Em criança eu aprendi
Prender o gado leiteiro

Um dia de manhãzinha
Vejam só que desespero
Tinha um bezerro doente
A ordem do fazendeiro

Mate logo este animal
E desinfete o mangueiro
Se essa doença espalhar
Poderá contaminar
O meu rebanho inteiro

Eu notei que o meu avô
Ficou bastante abatido
Por ter que sacrificar
O animal recém-nascido

Nas lágrimas dos seus olhos
Eu entendi seu pedido
Pus o bichinho nos braços
Levei pra casa escondido

Com ervas e benzimentos
Seu caso foi resolvido
Com carinho eu lhe tratava
E o leite que o patrão dava
Com ele era dividido

Quando o fazendeiro soube
Chamou o meu avozinho
Disse você foi teimoso
Não matando o bezerrinho

Vai deixar minha fazenda
Amanhã logo cedinho
Aquilo feriu vovô
Como uma chaga de espinho

Mas há sempre alguém no mundo
Que nos dá algum carinho
E sem grande sacrifício
Vovô arrumou serviço
Ali no sítio vizinho

Em pouco tempo o bezerro
Já era um boi erado
Bonito, forte, troncudo
Mansinho e muito ensinado

Automóvel do atoleiro
Ele tirava aos punhados
Por isso na redondeza
Ficou bastante afamado

Até que um dia à noitinha
Um homem desesperado
Gritou pedindo socorro
Seu carro caiu no morro
Seu filho estava prensado

O carro da ribanceira
O boi conseguiu tirar
O menino estava vivo
Seu pai disse a soluçar

Qualquer que seja a quantia
Este boi eu vou comprar
Eu disse ele não tem preço
A razão vou lhe-explicar

A bondade do vovô
Veio seu filho salvar
Esse nelore valente
É o bezerrinho doente
Que o senhor, mandou matar



Credits
Writer(s): Antonio Carlos Da Silva, Francisco Gottardi
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