Graça Comum

Quero estar pronto a dizer: não sei
Quero o conforto do não saber
Quero o sobrolho interdito a citar a lei
E ombro capaz de encolher
Estar rouco de plágio e de rum
Deposto da vala incomum

Quero ser franco a dizer: fui eu
Quero-me aflito a afirmar quem fui
Quero ter queixo caído a ganhar o céu
E dedo para pôr onde dói
Estar solto para ser só mais um
No indulto da graça comum

O que nos cabe, o que calhou
Está reservado
Nem sei se vivo ou se sou

Quero dar tudo a dizer: não há
Quero espartilho de não haver
Quero ter mão de mendigo
A puxar para cá
E o senso de não merecer
Estar pronto a tomar mais nenhum
Placebo da cura de som



Credits
Writer(s): Samuel úria
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