Tapete

Eu talvez carregue um chega-lá-p'ra-cá
E o tape com pudor
Mas se à flor da carne eu ponho um prato a mais
Encurto o cobertor

Eu talvez descuide esse indo-europeu
Comum de acomodar
Com exceção das minhas crises de pulmões
Ninguém me ouviu queixar

Nem travesseiro, nem meus botões
Tive um tapete p'ras confissões

Não vão dizer que sou má rês
Não, não é o novo sim
Talvez
Mas quem sacode os vícios dos meus pés?

Eu talvez engate o carro em marcha-atrás
E rume à redenção
Mas se andar p'ra frente é que nos faz melhores
Que sítio é esse, então?

P'ra quê maçar-me a aspirar o pó?
Tive um tapete que o ocultou

Não vão dizer que sou má rês
Não, não é o novo sim
Talvez

Não vão dizer que sou má rês
Não, não é o novo sim
Talvez

Mas quem não varre o lixo lá p'ra trás?
Mas quem redime o rastro do que eu fiz?
Mas quem me adestra o animal feroz?
Mas quem me muda a agulha dos carris?

Mas quem sacode os vícios dos meus pés?
Mas quem sacode os vícios dos meus pés?



Credits
Writer(s): Samuel úria
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