A Jóia

Não há ontem, nem hoje, nem amanhã
Quando a tal tecelã vai puxando o fio
Que amarra e desata o nó da manhã
Segue a vida, seu curso, indo rente ao rio

E ela solta a vela
Sempre tem motivos pra voltar

Na centelha que acende essa imensidão
Até onde o olhar sabe repousar
Na jangada ela sai sem ter direção
Procurando o que está mais além do mar

Sonha na janela
Sempre tem motivos pra ficar

Mas um dia o horizonte é quem vai rasgar
Os papéis do desejo e da tradição
E, então, um incêndio há de enfim queimar
As paredes do andar da desilusão

E ela, sentinela
Vai partir pra nunca mais voltar



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