Texto 4: Extraído Do Poema 'Aniversário' / Uma Canção Desnaturada - Ao Vivo
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos
Eu era feliz e ninguém estava morto
Na casa antiga, até eu fazer anos
Era uma tradição de há séculos
E a alegria de todos, e a minha
Estava certa como uma religião qualquer
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma
De ser inteligente para entre a família
De não ter as esperanças que os outros tinham por mim
Quando vim a ter esperanças
Já não sabia ter esperanças
Por que cresceste, curuminha
Assim depressa, estabanada
Saíste maquiada
Dentro do meu vestido
Se fosse permitido
Eu revertia o tempo
Para viver a tempo de poder
Te ver, as pernas bambas, curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha
Que atravessei em claro
Ignorar teu choro
E só cuidar de mim
Deixar-te arder em febre, curuminha
50 graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha
Raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos botequins
Tornar azeite o leite
Do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar
Mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido
Te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias
Nunca ter saído
Eu era feliz e ninguém estava morto
Na casa antiga, até eu fazer anos
Era uma tradição de há séculos
E a alegria de todos, e a minha
Estava certa como uma religião qualquer
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma
De ser inteligente para entre a família
De não ter as esperanças que os outros tinham por mim
Quando vim a ter esperanças
Já não sabia ter esperanças
Por que cresceste, curuminha
Assim depressa, estabanada
Saíste maquiada
Dentro do meu vestido
Se fosse permitido
Eu revertia o tempo
Para viver a tempo de poder
Te ver, as pernas bambas, curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha
Que atravessei em claro
Ignorar teu choro
E só cuidar de mim
Deixar-te arder em febre, curuminha
50 graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha
Raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos botequins
Tornar azeite o leite
Do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar
Mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido
Te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias
Nunca ter saído
Credits
Writer(s): álvaro De Campos, Chico Buarque
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