Escada Central

Subiu as escadas do morro
Não é desaforo
É "ascensão social"!
Sentiu a lei da diferença
Em meio à crença
Que o mundo é igual

Cresceu nas escadas do morro
Em meio aos estouros
Das bocas de sal
Cansado de só ver do alto
Desceu ao asfalto
Se fez capital!

Vendeu nas escadas do morro
Levou muito esporro
Mas também deu moral
Acenou para o crime de quepe
Conversou com chefe
Do aparato legal

Ganhou as escadas do morro
E prestou socorro
Aos "barraco" geral
Virou o dono da favela
E ganhou aquela
Que achava fatal!

Um dia nas escadas do morro
Com tanto agouro
Por fim se deu mal
Mas tinha o corpo fechado
Todo baleado
Mas nada mortal

Sumiu das escadas do morro
Deixou muito choro
Saiu no jornal
Passou um tempo esquisito
Na Lemos de Brito
Passou um Natal...

(...)

Voltou às escadas do morro
Retomou seu posto
De "rei do quintal"
Dobrou a sua freguesia
Fez mais duas filhas
E três 'carnaval'

Um dia as escadas do morro
Assistiram em coro
Ao seu dia final
E foi uma morte tão louca
Não foi guerra de boca
Foi acidental

Rolou as escadas do morro
Ao fazer contorno
Num muro de cal
Disparou, por volta das oito,
O seu 38
Pegou-lhe frontal

Velório nas escadas do morro
No dia deu touro
Era bicho do mal
Pros filhos deixou muito pouco
Ser famoso no morro
Da escada central!



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