Bochincho

Num bochincho certa feita
Fui chegando de curioso
Que o vício é que nem sarnoso
Nunca para e nem se ajeita

Baile de gente direita
Vi de pronto que não era
Na noite de primavera
Gaguejava a voz de um tango

E eu sou louco por fandango
(Que nem pinto por quirera)

Chinocas de todo o porte
E gaudérios do queixo roxo
Corria um bochincho frouxo
Naquela noite de julho

E a não ser pelo barulho
Da velha gaita manheira
Só se ouvia a tinideira
De esporas no pedregulho

Meu pingo mascava o freio
Num palanque da ramada
Pateando de cola atada
Pois sempre fui prevenido

Em pagos desconhecido
Não me descuido por nada
Voltava de uma tropeada
E ali me achava entretido

Marca vem e marca vai
E a cordeona resmungava
Mas tinha um índio que olhava
Demais pra minha chinoca

Lagarto que sai da toca
Quer chumbo, diz o ditado
E eu me paro embodocado
Quando um olhar me provoca

Me rasgaram a bombacha
E me esfiaparam todo o pala
Mas fiquei dono da sala
E antes que clareasse o dia

Vi o último que fugia
Num zaino mocho de em pelo
Mas deixaram pra sinuelo
A china que eu mais queria

Pois se a nega véia' que cuida da criançada
Entra com a cachorrada, gente!

Que coisa, hein?



Credits
Writer(s): Jaime Caetano Braun
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