Morada Do Tempo Antigo

Um rancho longe da estrada
Que só aparece a cunheira
Bem sombreado e guarnecido
Pela cuscada ovelheira
Um banco antigo e comprido
Todo feito de madeira
Pra acomodar as visitas
Junto à sombra da figueira

Pra enxergar todo o açude
Tem que subir na cancela
Depois de afiar as unhas
O gato pula pra janela
No capricho, o João Barreiro
Vai ajeitando sua casa
E um gavião voa sereno
Quase que nem bate asas

Morada longe de tudo
Onde a paz não sofre ameaça
Dos bons e velhos costumes
Sem mentira e sem trapaça
Se percebe o jeito simples
Até no modo de falar
Reflorecem as maçanilhas
E não mudam de lugar

A cambona improvisada
Feita com lata de azeite
Outra se usa pra copo
Pra tomar água ou tirar leite
Prato fundo aloçado
Pra "bóia" de manhã cedo
Se não for acostumado
É certo que queima os dedos

Vizinhança de confiança
Estampa sincera e franca
Janela e porta encostadas
É dia e noite sem tranca
Todo mundo é parecido
No jeito e no linguajar
E as coisas mais importantes
Estão ao alcance do olhar



Credits
Writer(s): Marco Antonio Nunes
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