No Regresso

Daquela feita eu vinha num passo manso
Cuidando a volta -bombiando perto o caminho-
Um chuvisqueiro pesava junto ao sombreiro
E o véu da noite não me deixava sozinho

Função firmada nos atos do meu ofício
Num pago alheio que me ajustei numa changa
Voltava a esmo buscando o rumo das casa
Subindo a serra, margeando junto da sanga

Foi quando o sono me derrubou a mirada
-Não hay valente que vença esse redomão-
E meu picaço, que bem conhecia o rumo
Seguiu no passo rastreando na escuridão

Eu cochilava sentado sobre os arreios
Mas pulso firme pra não perder os sentidos
Cuidava as rédeas e a "vihuela" na garupa
Tateando a estrada concentrado nos ouvidos

Mas meu picaço sem comando se governa
E numa curva da sanga quis disparar
Naquele impulso puxei "de vereda" o freio
E meu cavalo se "atraco" a velhaquiar

O chão de pedras me esperava pra um estrago
Se fosse o pealo meu destino derradeiro
E ali, perdido, fui lidando pelo instinto
Pra não ser luto pelas mãos de algum coveiro

Uma coruja me cuidava de uma cerca
De olhar parado entendendo a situação:
Ela sabia dos sentidos que não temos
Que por temê-los chamamos assombração

Meio assustado botei no trote meu pingo
Mais que de pressa pro meu caminho voltei
A "mala suerte" que quis me "cambiar" o rumo
Não foi certeira porque pra diante eu fiquei



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