Homem Que Copiava

Dia a dia na pilha de viver, de se expressar
Só um trampo que seja o encanto, enquanto eu viajar
Eu passo de fase, eu não levo bagagem
Passageiros de primeira-viagem vão abortar

O que irá te libertar: O casório ou o divórcio?
Sendo eu, meu santo e o meu próprio devoto
Boto fé no copo, bebo o medo, eu pressinto o erro
Quando entendo o primeiro, já tô no quinto

Omito muito, sinto muito
Ocasiões onde a verdade não cabe num bom intuito
Sou o surto das rebeliões que eu mesmo luto
Juro que não há organizações sem um tumulto

Poesia sólida, solidão abstrata
Permissão pra fugir da prisão libertária, cara
Lição vivida, percepção elevada
Ainda assim há incerteza até nas coisas mais exatas

Alma inquieta, agonizada, e não há nada que preencha o espaço
Caço a saída e não acho uma bendita cura pro espasmo
Soa tão quanto um marasmo, se acaso tu se emociona
Na volta pra quem a prazo entendeu como funciona

Ignorava sentir raiva, agora eu tô sentindo pena
Lágrimas, páginas, temas
Luz, câmera, cena
Se surpreenda até pra ouvir as hiena
Rema com vontade, acena, faz virar poema

São poucos os conscientes, os outros: Os inocentes
São poucos eficientes, mano, sai da minha frente
O claro e evidente, é tanta gente feito a gente
Uma claridade eminente dá pra ver isso (claramente)

Um passo maior que a perna, mentira tem perna curta
Surta passando uma perna por baixo de quem discursa
Um passo em falso, nem disfarço, faço sorriso
Num vai dar pra recuar a dois passo do paraíso

Empurrada a fazer aquilo
E como eu disse
Por gente muito medíocre
Por gente que não sabe nem
E se eu não sabia nada de teatro aquela gente então não sabe de nada
Eu passei por isso

Camaleão calejado, camuflado até no fogo
Teatro é o que me protege das regras alienadas desse jogo
Sorria, tá sendo filmado
Preencha os cadastros com seus dados
Leia com atenção e aceite os termos do contrato

Identidade é um cofre confiscando a face
Nos militando, aonde até super herói usa disfarce
Pus capuz no monstro, escondo, não demonstro o peso
Encontro meu conforto usando a máscara do Jason

Tem quem usa e não percebe ou não usa e não percebe
Mas quem percebe não usa
Atire a primeira moeda: é tiro e queda
Coração vira pedra, mas compensa
E a recompensa ameniza o peso da consciência

Observado e observador, me tornei assim
Bom enganador que desconfia até de si
Toc toc, quem será que sou? É trágico
Pinóquio entra em choque e não me vê nem com olho mágico

O meu soluço é solúvel, e a solução mentira
Ingrediente, solucionador igual morfina
Mente fria e calculista: matéria-prima
Na minha veia corre sangue misturado com resina

No auto-descobrimento eu percebi
Foi um baque, mas tô mais pra Nagasaki que Feng Shui
Já que sou assim e tô aqui vou usufruir
Concorrência espanta concorrência, e eu tô torcendo pra mim

É, descontextualiza dentro da sintaxe do parágrafo
O que que tava sendo dito ali
E aquilo ganha um, um outro sentido

Libertação lírica, fuga cívica
Loucura crítica, evolução nítida
Saber que você não sente o que eu sinto
Por instindo, ver crescer o lado que omito

Calado, então eu grito com silêncio
Cansado, em vão finjo crer nesse meu templo
Arquiteto, eu? Arquiteto todos passos
Indireto ou discreto, valorizo

Os abraços pagos não me enriquecem, enganados se empobrecem
Facilmente se esquecem, fatalmente, que o jogo comece
Conflito comigo, contigo, me acalmo, reflito

No ciclo prossigo, consigo desvendar
Só que já engoli, de burro, sapo à seco
Sem fraquejar, só vou rir do papo de respeito
Atitudes que não condizem com as falas
Suas virtudes originadas de um espelho-d'água

Sem paciência pra patifaria de doutor
Paz ou ciência? Anestesia só camufla a dor
O perdedor ou perder. O que te prende indiferente?
Sem sentido ainda segue sempre em frente

Fala banal, olhar parcial, mundo material
Elevação mental, deixei o carnal, sinal de marginal
Reta não supera o fluxo da via principal
Mas dentro do labirinto do desequilíbrio, peço tempo
Crendo no caminho em que trilho

E pra filha da puta que me julga eu leio a bula: não arrasta, vaza
O meu silêncio basta, bastará!?

Perversa eu num sou não
Ma' ruim eu sou
E não adianta

Eu antes d'eu nascer eu já sabia disso tudo
Antes d'eu tá com carne e sangue
É claro que se eu for a beira do mundo
Eu sou a Estamira
Eu sou a beira, eu tô lá, eu tô cá, eu tô em tudo quanto é lugar

E todos dependem de mim
Todos dependem de mim, de Estamira
Todos
E quando desencarnar vou fazer muito pior



Credits
Writer(s): Froid, Henrique Sampaio Lins, Yank
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