Cidadão

Na condição de cidadão
Nas ruas sujas do Brasil
Minha tenda armei no calçadão
Pros paraguaios da Bombril

Mas a polícia detonou
E exigiu a certidão
O chefe veio e me expulsou
Provei que é o nosso ganha-pão

Vendendo casa em construção
E as cenas do trem da central
Ao som dos tiros, funk cão
O filme é moda mundial

Mas o bandido recuou
Vendeu a mãe à prestação
Virou herói e se mandou
Pros clipes da televisão

E os vendedores de ilusão
Mudaram a cara do país
Lançando a moda da invasão
E colorindo o chafariz

E a convivência definiu
O preço baixo incentivou
O Paraguai e o Brasil
O trem de ferro e o metrô

Nos grandes centros da nação
O vai e vem concretizou
A dança da população
Que a precisão coreografou

Nos moldes da situação
Um fabricante de robô
Um cego em plena contramão
Vendendo a vida ao camelô

Eu era pobre, magricela, desdentado
Mas já tava acostumado com a vida do sertão
Mas virei nobre, berinjela, importado
Vendi casa, vendi gado, hoje eu sou um cidadão



Credits
Writer(s): Orlando De Morais Filho, Antonio Luiz Silva Brandao Costa
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