Pedro Pampa
O Pedro pampa era um taura crioulo
Da Vila Treze que se arranchou no Bororé
Tinha um campito pequeno
Uma ponta de gado bueno
E um touro bravo jaguané
Amigado com a Formosina
Uma bororeana de lei
Das que vem pela fumaça
Tinha dois gêmeo buchaco
Dois rapazote bem macho
No ponto de sentar praça
Foi bem na entrado do inverno
Que o Pedro Pampa e a mulher
Foram de trem pro Itaqui
Comprar um sortido macota
Um poncho e um par de bota
Pra cada um dos guris
Enquanto a mulher descansava
O Pedro Pampa mateava
Na salita da pensão
Quando avistou uma cigana
Com olhar de cobra insana
Pra embuçalar um cristão
Meu filho larga essa cuia
E abre bem a tua mão canhota
Do lado do coração
De repente muda e franca
A cigana ficou branca
E quase caiu no chão
Perguntou ao Pedro Pampa
Se ele tinha um touro brabo
Do pelo mais lindo que há
Respondeu que sim já aflito
E ela disse aqui tá escrito
Que o toura vai te mata
O Pedro Pampa era um taura
Que nas rodadas da vida
Sempre correndo saiu
Trabuzana de alma boa
Não contou nada a patroa
E nessa noite não dormiu
Mais numa certa manhaã
Só os dois a beira do fogo
Passado mais de semana
De repente de relancina
Ele contou pra sua chinda
A previsão da cigana
A formosina era taura
Sabia tudo da vida
Mulher guapa e companheira
Disse ao Pedro, sem agouro
Amanhã carneamo o touro
E tu nem vai pra mangueira
A formosina e os gêmeo
Tentando encerrar o gado
A grito, Cusco e laçaço
O touro soltando fumaça
Com as aspas de quase braça
Saiu no tronco do laço
Um dos gêmeo de vereda
Passou o laço num cinamomo
Como seu pai lhe ensinou
Outro botou numa pata
E a formosina mulata
Veio correndo e sangrou
Tava o touro desmanchado
O couro de carnal pra cima
E a cuscada em escarcéu
Na outra ponta a cabeça
Com duas aspas afiadas
Como olhando pro céu
Foi então que o Pedro Pampa
Deixou por fim o galpão
E se veio com ar de graça
Pagar as guampas do touro
Pra dois borrachão de estouro
Bem lotados de cachaça
A formosina e os gêmeos
Lidando com a carne do touro
De baixo de uma arramada
Viram o Pedro barbaresco
Resbalar no couro fresco
E se espetar numa aspa afiada
No campo santo do Bororé
A direita de quem entra
Como uma estaca reluz
Num cerne de curunilha
A saudade da família
Nos dizeres de uma cruz
Aqui jaz o Pedro Pampa
Um garuchão do Bororé
Que foi tropear no perigo
Com sua estampa paisana
Pois como disse a cigana
"Ninguém muda o que tá escrito"
Da Vila Treze que se arranchou no Bororé
Tinha um campito pequeno
Uma ponta de gado bueno
E um touro bravo jaguané
Amigado com a Formosina
Uma bororeana de lei
Das que vem pela fumaça
Tinha dois gêmeo buchaco
Dois rapazote bem macho
No ponto de sentar praça
Foi bem na entrado do inverno
Que o Pedro Pampa e a mulher
Foram de trem pro Itaqui
Comprar um sortido macota
Um poncho e um par de bota
Pra cada um dos guris
Enquanto a mulher descansava
O Pedro Pampa mateava
Na salita da pensão
Quando avistou uma cigana
Com olhar de cobra insana
Pra embuçalar um cristão
Meu filho larga essa cuia
E abre bem a tua mão canhota
Do lado do coração
De repente muda e franca
A cigana ficou branca
E quase caiu no chão
Perguntou ao Pedro Pampa
Se ele tinha um touro brabo
Do pelo mais lindo que há
Respondeu que sim já aflito
E ela disse aqui tá escrito
Que o toura vai te mata
O Pedro Pampa era um taura
Que nas rodadas da vida
Sempre correndo saiu
Trabuzana de alma boa
Não contou nada a patroa
E nessa noite não dormiu
Mais numa certa manhaã
Só os dois a beira do fogo
Passado mais de semana
De repente de relancina
Ele contou pra sua chinda
A previsão da cigana
A formosina era taura
Sabia tudo da vida
Mulher guapa e companheira
Disse ao Pedro, sem agouro
Amanhã carneamo o touro
E tu nem vai pra mangueira
A formosina e os gêmeo
Tentando encerrar o gado
A grito, Cusco e laçaço
O touro soltando fumaça
Com as aspas de quase braça
Saiu no tronco do laço
Um dos gêmeo de vereda
Passou o laço num cinamomo
Como seu pai lhe ensinou
Outro botou numa pata
E a formosina mulata
Veio correndo e sangrou
Tava o touro desmanchado
O couro de carnal pra cima
E a cuscada em escarcéu
Na outra ponta a cabeça
Com duas aspas afiadas
Como olhando pro céu
Foi então que o Pedro Pampa
Deixou por fim o galpão
E se veio com ar de graça
Pagar as guampas do touro
Pra dois borrachão de estouro
Bem lotados de cachaça
A formosina e os gêmeos
Lidando com a carne do touro
De baixo de uma arramada
Viram o Pedro barbaresco
Resbalar no couro fresco
E se espetar numa aspa afiada
No campo santo do Bororé
A direita de quem entra
Como uma estaca reluz
Num cerne de curunilha
A saudade da família
Nos dizeres de uma cruz
Aqui jaz o Pedro Pampa
Um garuchão do Bororé
Que foi tropear no perigo
Com sua estampa paisana
Pois como disse a cigana
"Ninguém muda o que tá escrito"
Credits
Writer(s): Mano Lima
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