Dia de Feira

De olho na ladeira
se foi a festa inteira
e ao cair no poço
soprou a correnteza
Se a corrente puxa
não adianta nadadeira
se a canoa vira
me agarro à ribanceira

E hoje é dia de feira
sei bem como é que é
quem não vende peixe
se assusta com a maré
E hoje é dia de feira
sei bem como é que é
quem não vende peixe
se assusta com a maré

Eu eu eu vim
de semente de peixe
Eu eu eu vim
de semente de peixe
e fugi da rede
e fugi da rede

Me roubaram as fichas
do fundo da carteira
me sobraram as fibras
no corte da peixeira
quando a sorte sobe
a vida é brincadeira
quando a vida bate
não tem quem guente a peia

E hoje é dia de feira
sei bem como é que é
quem não vende peixe
se assusta com a maré
E hoje é dia de feira
sei bem como é que é
quem não vende peixe
se assusta com a maré

(E lembrei-me de um pescador que já faleceu,
que o nome dele é Carlos,
que ele dizia que o mar era o pai e a mãe dele, né,
porque dava de comer, dava de calçar,
dava de vestir e ainda o balançava pra dormir)

E eu corro com o vento
no lombo e no quengo
cego do olho
perdido no tempo
durante a tormenta
um coice nas ventas
dispara, despenca
cavalo do vento

Tô nem vendo o vendaval passar
Tô só vendo o vendaval varar
Eu tô nem vendo o vendaval passar
Tô só vendo o vendaval varar

E eu corro com o vento
no lombo e no quengo
cego do olho
perdido no tempo
durante a tormenta
um coice nas ventas
dispara, despenca
cavalo do vento

Tô nem vendo o vendaval passar
Tô só vendo o vendaval varar
Eu tô nem vendo o vendaval passar
Tô só vendo o vendaval varar

E hoje é dia de feira
sei bem como é que é
quem não vende peixe
se assusta com a maré
E hoje é dia de feira
sei bem como é que é
quem não vende peixe
se assusta com a maré

Eu eu eu vim
de semente de peixe
Eu eu eu vim
de semente de peixe
Eu eu eu eu vim
de semente de peixe
Eu vim
de semente de peixe

Fugi da rede
fugi da rede
fugi da rede
fugi da rede