Me Desculpe a Ignorância

Me valendo dessa sorte
Cerca a dentro da palhoça
Falo grosso e avexada
Sou a voz da gente nossa
Com Nordeste no registro
Não ha no mundo quem possa

Sou jurema a beira dágua
Canto aboio do sertão
Desalinho mais aprumo
Sou sabiá, sou cancão
Vou cantando e afulepo
E acunha a revolução

Vi mais aurora que gente
Meu apreço é da lua
Vi casa com quatro rodas
Mas gosto mesmo é da rua
E não tem luta do povo
Que não seja minha e sua

Sou mulher muito valente
Não abaixo a cabeça
Eu pari toda essa terra
Sou livre e tu não se esqueça
Viro o mundo no meu tempo
Nessa vida eu viro teça

Tenho grito no meu sangue
Sou índia, negra e mestiça
O barro negado a água
A dor que implora a justiça
Sou chuva em quintal alheio
Aprendiz, peito faisca

Pra chegar ate aqui
Fui negada pão e fala
Só de fé caminho aberto
Enfrentei portas fechadas
Passarinho avoa solto
Ate quando o bico entala

Me desculpe a ignorância
Sou do mar mermo que pia
Meu coco é maracatu
Sanfona é o que me alivia
Vou mandando meu recado
Bem no mêi dessa folia

Mas sou muito agradecida
Por brotar roça com a mão
Meu xote é feliz partida
Pra tocar seu coração
Não desista dessa vida
Tenha fé se avexe não



Credits
Writer(s): Luana Florentino
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