Outono

Ó árvore verde visível
Teimas em mim flutuar
Teu verde é irreconhecível
Pois é distante do mar

Sente-se uma onda fria e forte
Faz reflexo no horizonte
Tão peremptório quanto a morte
A pedir água p'ra fonte

Aqui livre presa ao chão
Perto de pardais a voar
De algumas folhas coração
E de erva parda a suportar

Em ti verei verde de novo
Sem ti saboreio o abandono
Contigo meu pranto renovo
Na primavera e no outono

Em ti vejo a claridade
Exaurida e espaçada
Por ti invito minha idade
Tantas vezes assombrada

As pessoas sem liberdade
As crianças sem perceção
Os velhos já de uma certa idade
Que brevemente morrerão

Aqui livre presa ao chão
Perto de pardais a voar
De algumas folhas coração
E de erva parda a suportar

Em ti verei verde de novo
Sem ti saboreio o abandono
Contigo meu pranto renovo
Na primavera e no outono



Credits
Writer(s): Francisco Guimarães, Mariana Froes
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