Tirania

Há um liquido preto
Dentro de mim
Sinto-o grudado
Em meus órgãos
Apodrecendo-os
Gradativamente
Tento vomitá-lo
Mas é inútil

Esmurro
Esmurro as paredes
Para sentir
Á noite sinto-o no estômago
Fervendo memórias
Memórias feridas
Sem dissoluções
Vomito as tripas no papel

Minha carne se desfaz
Entre as lacunas
Do tempo
Por um último trago
Meu corpo está sedento
Deixe-me ir
E ter meu último momento
Escondendo-me do sol
Como quem guarda um segredo



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