Caveira de Cavalo

Uma voada de morcegos pela gruta
Com caveira de cavalo misturada com o couro no chão
Uma menina com o olhar paralisado
Pisa o sangue do vaqueiro malassombro que morreu no sertão
O amor, morreu

Quando escurece no inferno gritos soltos no ar
A mariposa encantada faz o pelo brilhar
O cheiro forte de enxofre queima a pele e a dor
A solidão dos animais e dos insetos no céu
O amor, morreu

O som da cobra que se enrosca no pescoço
Do garrote sufocando-o na poeira, a vida expira e se vai
A ratazana que se esconde no buraco
Pra fugir de ser caçada, vilipendiada na refeição
O amor, morreu

Quando escurece no inferno gritos soltos no ar
A mariposa encantada faz o pelo brilhar
O cheiro forte de enxofre queima a pele e a dor
A solidão dos animais e dos insetos no céu
O amor, morreu

Uma voada de morcegos pela gruta
Com caveira de cavalo misturada com o couro no chão
Uma menina com o olhar paralisado
Pisa o sangue do vaqueiro malassombro que morreu no sertão
O amor, morreu

Quando amanhece no inferno ter prazer é melhor
O cheiro forte de esperma que se espalha no ar
O sangue escorre nos abismos, tempestade e trovão
Pior castigo é não ter a quem fazer confissão
O amor, morreu

Em cada casa ventania deixa sobras de comida
Espalhadas das migalhas pelos cantos do chão
A lama verde que o porco se banhava no terreiro
Cheiro podre de lembranças e latidos do cão
O amor, morreu

Quando amanhece no inferno ter prazer é melhor
O cheiro forte de esperma que se espalha no ar
O sangue escorre nos abismos, tempestade e trovão
Pior castigo é não ter a quem fazer confissão
O amor, morreu

O amor, morreu
O amor, morreu
O amor, morreu



Credits
Writer(s): Silverio Pessoa
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