Dia Frio, Tom Pastel

Outro dia eu li uma frase num livro
Que dizia que só eu e meus pensamentos existem
Que todo resto é uma impressão falsa do mundo
E eu me sinto assim, às vezes
Sozinho com as coisas que eu criei na cabeça
Um dia frio, sem livros
Cigarros e garrafas decoram meu quarto
Sozinho, planejando a fuga
Do mundo que eu mesmo criei
A culpa me persegue até nos sonhos
Estou devendo uma explicação ao meu eu do passado
Que jamais imaginaria chegar até aqui
Após tantas tentativas e falhas
Ainda me levanto com forças pra caminhar
Sou o único que sente
O resto é teatro, solipsismo
Como um soldado jogando xadrez
Contra a morte na trincheira
É só um dia frio
Me perguntaram porquê não me explico
Deve ser porque também não entendo
Quando escrevo, sou um desconhecido
E se tiver sorte acabo me encontrando nos versos
Se pudesse, passaria o resto da vida viajando
Atravessando lugares e deixando marcado quem fui
Logo o tempo apagaria e eu não seria nada
Apenas poeira em meio a ruínas
O grito contido no vento sussurra meu nome e meus poemas
Mas poucos querem sentir a brisa que sopra
E carrega consigo tanta tristeza
Estou farto disso
Me escondo de tudo que julga, pois sou fraco
E palavras desmancham o castelo que construí
A fortaleza já foi forte, mas tão atacada
Que hoje sobraram apenas destroços
Vestígios do que foi minha história
Tudo que poderia ser, fui nas estrofes de letras confusas
Um rei sem face é a pintura exposta no museu da derrota
Um autorretrato encontrado enterrado
Como se o passado pudesse ser esquecido ou ignorado
É um fardo a ser carregado
Nada foge aos olhos de quem sofre
É um fato



Credits
Writer(s): Gustavo Macedo
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