Afronegócio

Como os albatrozes
Daqui vejo algozes
E ouço vozes
Num canto de morte
Mulheres, crianças
Homens jovens e velhos
De um continente
Que está nos quatro hemisférios
Refiro-me à África
Que chega à América
Invadida por católicos
Da União Ibérica
Como animais expostos
Tipo agronegócio
Mas eram pessoas
Era o afronegócio

A maior vergonha
Da história humana
Foi o afronegócio, afronegócio
A maior vergonha
Da história humana
Foi o afronegócio, afronegócio

A carne mais barata
Negócio lucrativo
Casa grande e senzala
Senhor e cativo
Aqueles que forçaram
O trabalho escravo
São os mesmos que queimaram
Cruzes, encapuzados
Colonizadores, latifundiários
Ku Klux Klan
Quem causou as dores fez os párias
Para o amanhã
Que desejam servir vingança no seu
Café da manhã
Escolha um dos dois, tu é racista
Ou uma pessoa cristã?
Marighella, Zumbi
Malcolm X, Luther King
Miguel, Pedro Henrique
George Floyd, Moïse
Quem é que planta, quem é que colhe
A cana de açúcar e o algodão?
Agro é tech? Agro é pop?
Agro é tudo? Não!
O agro é sangue afro
Que jorra e faz a irrigação

A maior vergonha
Da história humana
Foi o afronegócio, afronegócio
A maior vergonha
Da história humana
Foi o afronegócio, afronegócio

E tudo começou
Pela chacina de autóctones
Grileiros, garimpeiros
Sempre saem incólumes
Pindorama era virgem
Iracema, também
Caramuru, Martim
Passamos a dizer amém
América católica
Agora evangélica
Fetiche por tiranos
Submissa e bélica
Chico Mendes, assassinado
Dorothy Stang, assassinada
Bruno Pereira, assassinado
Dom Phillips, assassinado



Credits
Writer(s): Vitor Barbosa
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