Páprica

Queria jogar
Tudo o que te deram para o alto
E garimpar mãos pelos pés
Como as margens de um ofício
Correndo pelas noites de água fria

Luar místico, extra-corpóreo
Te perpassa, te toca
Te faz reparar na conduta frígida
Faz perder o eixo da coluna

Procurar um lugar pra tecer lágrima
Sente que a vida vai, vai te devorar e que
Que o ardor da páprica pode te abastecer
Áspera a condição em que pigmentos vão
Temperar e afogar, mergulhar
Em condimentos e buscar acontecer

Vamos embora
Não há nada a se tocar aqui
Refúgio, servidão
A retorcer-se e concluir

Vamos embora
Retomar o que for te servir
As sobras renderão
Aproveitar o que não repelir

Vamos embora
Não há nada a acrescentar aqui
Sem corpo ou rendição
E nenhum canto pra fugir

Vamos embora
Vai brotar o que deixou aqui
Talvez num só depois
Quando deixar o tempo reagir

Essa cidade nunca foi nossa, baby
Há pedaços secos de carcaça
Humana na calçada
E nunca vamos conhecer esses genomas
Sob as solas das botinas da corte fardada



Credits
Writer(s): Isabel Moreau
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