Um Brinde a Todos Que Se Foram

Entregue flores pra quem ama quando
Ainda puderem sentir seu aroma perfumando
Puderem ver sua delicadeza enfeitando
E pouco a pouco a sua beleza desmanchando

É só a natureza demonstrando
Que tudo passa e não importa o quanto
O ser humano faça que é malandro
O momento é efêmero tal qual um cigarro
Somos a criança olhando da janela do carro

E lá fora tudo corre, me lembra duns bangue
Que nóis não prosperava mesmo com geral dando o sangue
É cristalina a lembrança, nem querendo eu descarto
Quando meu irmão nasceu nóis quatro morava num quarto

O peito era farto de amor
O sonho era aquelas caixona de lápis de cor
Minha tia limpando o quintal, ouvindo um pagode
Isso era 90 e tal, respeita o bigode
Que o seu ainda é de Toddy

Ouvia as história, fulano foi preso
Ciclano tá fazendo as fita agora, sentia o peso
Um por um os conhecido vão tomando seu rumo
A vida ensina, siga em frente, fui péssimo aluno

(Pensando bem) quanto talento rendido pro vício?
(Que desperdício) aqui na área acontece muito disso
Gente que tinha um brilho de tirar o foco da lente
Só teve a chance de virar uma estrela decadente

A vida é injusta e louca, ao mesmo tempo é bela
Quando vê, escorregou pelos seus dedos
Frágil como a sua tela
Trago cada um comigo, é a grandeza disso aqui
E onde quer que eu pise, nunca vai ser só o Rashid ali

Um brinde a todos que se foram
E também proponho aqui um brinde aos que ficaram
Sobreviventes somos como os boys jamais serão
As chances que eram poucas logo se multiplicaram

Difícil pra um cara do coração bom ser rei
Me identifico com T'Chala e com Mandela
Trago feridas que não foram abertas no meu eu
Isso que dá, coração mole, a vida me endureceu

Quem não procura redenção nesse redemoinho?
Se falta fé pra dar o passo, como cê quer ver o caminho?
Os parceiro perdido, dor que eu não soube curar
Sonharam junto, só que não puderam realizar

O passado é mato, o tempo toca o barco, isso é fato
E eu penso nos amigos que eu já perdi contato
Como será que 'tão? Firmão? Tomara que sim
Será que ouvem meu som? Será que têm orgulho de mim?

De vez em quando eu passo lá 8 ou lá em Alvim
Fico olhando a rua e lembro de nóis pivetin'
Tanto os muro que nóis pulava, quantos tombo que tomou
O quanto daquilo ainda resta no que a gente se tornou?

A vida é injusta e louca, ao mesmo tempo é bela
Quando vê, escorregou pelos seus dedos
Frágil como a sua tela
Trago cada um comigo, é a grandeza disso aqui
E onde quer que eu pise, nunca vai ser só o Rashid ali

Um brinde a todos os que se foram
E também proponho aqui um brinde aos que ficaram
Sobreviventes somos como os boys jamais serão
As chances que eram poucas logo se multiplicaram
É isso

Será que os outros estão bem?
Será que conseguiram escapar?
Éramos vários samurais protegendo a vila
Quando despertei não encontrei mais ninguém
Pelo menos, ninguém vivo

Ao menos parecem ter morrido com honra
Ao contrário de você, vivo e envergonhado
Não! Não diga isso!
Vivo ainda tenho chance de fazer algo

Já que não fui capaz de proteger a vila
Meu dever agora é vingá-la
Isso se o remorso não te derrubar antes



Credits
Writer(s): Michel Dias Costa, Vitor Cabral Da Silva
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