O Puto

Havia um puto que tinha tudo o que queria
Não, ele não tinha tudo o que queria
Ele tinha tudo o que os outros queriam
Porque o que ele de facto queria ele não tinha
Mas vivia
Como o que ele de facto queria ele não tinha
Fazia com que tudo o que ele queria
Se aproximasse de tudo o que ele tinha
Mas como tudo o que ele queria nunca era
Tudo o que ele tinha
Quase tudo o que ele queria, era tudo o que ele tinha
Quase tudo parece pouco
E Quase Tudo Foi Demais, aliás
Quase tudo era mais do que tudo o que os outros tinham
No final, era tudo o que os outros queriam

Descontente queria aprender e contente ia aprendendo
Felizmente soltava a mente enquanto a iam prendendo
Incompreendido ia vencendo, mas tido sempre como vencido
Humilde como um doente, mas com ar de convencido
Convém, também salientar
Que o puto tinha tudo o que os outros queriam
Mas também tinha problemas

Não havia explicação, mas os doutores lá explicavam
Ninguém sabia o que estava no caderno,
Mas os entendidos especulavam
Os amigos fingiam que se importavam
Amigos? Não
O puto não tinha amigos,
Que os amigos eram os outros que queriam
E não tinham tudo o que o tinha
Que não era tudo o que o puto queria

O puto era o puto, nunca aceitava nada como dado
Chamavam-lhe maluco, mas o puto
Nunca ficava incomodado
Como um dado foi lançado para o meio da sociedade
De forma cem por cento aleatória, e

Cada vez que ela sorria, era mais uma vitória
Porque o puto sabia o que fazia
E sabia que os outros não sabiam o que ele fazia
Até porque tudo o que os outros queriam
Não era o que o puto queria
Aliás
Tudo o que os outros viam
Não era o que o puto

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Credits
Writer(s): Leonardo Amorim
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