Retrato de um Playboy (Juventude Perdida)

Pergunta prum playboy o quê que ele pensa da vida
Sabe o que ele te diz? (Se borra todo)
Não, mais ou menos assim

Sou playboy e vivo na farra
Vou à praia todo dia e sou cheio de marra
Eu só ando com a galera e nela eu me garanto
Só que quando estou sozinho eu só ando pelos cantos
Porque eu luto Jiu-Jitsu mas é só por diversão
É isso aí meu cumpádi', my brother, meu irmão

Se alguma coisa está na moda então eu faço também
Igualzinho a mim eu conheço mais de cem
Se eu faço tudo o que eles fazem então tudo bem
Não quero estudo, nem trabalho
Não vem que não tem

Porque eu sou o que?
Um play, um playboyzinho, disso eu não me envergonho
Não sei o que é a vida, não penso, não sonho
Praia, surf e chopp, essa é a minha realidade
Não saio disso porque me falta personalidade

Não tenho cérebro
Apenas me enquadro no sistema
Ser tapado é minha sina
Ser playboy é o meu problema

Faço só o que os outros fazem e acho isso legal
Arrumo brigas com a galera e acho sensacional
Me olho no espelho e me acho o tal
Mas não percebo que no fundo eu sou um débil mental

Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Eu sou playboy, filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais

Eu sou playboy, filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais

Com a cabeça raspada ou cheia de parafina
Eu tiro onda porque acho que sou gente fina
Mas na verdade pertenço à pior raça que existe
Eu sou playboy! Penso que sou feliz mas sou triste

Eu sou pior que uma praga, eu sou pior que uma peste
Eu tô em qualquer lugar da superfície terrestre
E digo aonde a playboyzada prolifera-se a mil
É num país capitalista pobre como o Brasil

Onde não somos patriotas nem nacionalistas
Gosto das cores dos States com as estrelas e as listras
E o que eu sinto pelo país é o que eu sinto pelo povo
Olha só que legal quando eu pego um ovo
E entro no carro com os amigos, levo o ovo na mão
Olha o ponto de ônibus, freia aí, meu irmão!

E eu taco o ovo bem na cara de um trabalhador
Que esperava o seu ônibus que passou e não parou
Que maneiro, eu não ligo pra quem tá sofrendo
Em vez de eu dar uma carona, eu deixo o cara fedendo

Que legal, se um mendigo me pede um cigarro
É apenas um motivo pra eu tirar mais um sarro
Sacanear um mendigo é a maior diversão
Não tem problema, há quantos dias ele não come um pão

E por falar em pão que eu como todo dia
Me lembrei da empregada que se chama Maria
Ela me dá comida, me dá roupa lavada
Mas quando eu tô presente ela é sempre humilhada
Você precisa ver como eu trato a coitada
Eu a rebaixo, a esculacho, fico dando risada

Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais

Eu sou playboy, filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy, filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais

Eu não sei nada dessa vida e desse mundo onde estou
E é quando eu saio de noite
Que eu vejo o merda que eu sou
Sem ter o que fazer, sem ter o que pensar
Eu encho a cara de bebida até vomitar

E os meus falsos amigos que vão lá me carregar
São os mesmos que depois só vão me sacanear
Mas na cabeça da galera também não tem nada
Somos um monte de merda dentro da mesma privada

É até engraçado
Eu não decido nada, pela moda eu sou guiado
Adoro reggae mas não sei o que Bob Marley diz
E se eu soubesse talvez não fosse tão infeliz

Mas eu sou um otário, a minha vida não presta
Inteligência?
Não tenho, a burrice é o que me resta
Então agora dá licença que eu vou parar
Minha cabeça tá doendo, eu vou descansar
E esse lugar já tá fedendo
Quem mandou eu pensar? Porque...

Eu sou playboy, filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais

Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais

Esse é o retrato da nossa juventude
Seja o playboy da maconha ou o playboy da saúde
E se cuidarmos assim do futuro do Brasil
Vamos levar esse país para a puta que o pariu



Credits
Writer(s): Gabriel Contino
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